domingo, 3 de janeiro de 2010

ANO NOVO - FERIADO DE 4 DIAS


Passei o final de semana prolongado, com minha filha viajando, assistindo os filmes que mais gosto. Foi difícil escolher, alguns seriam para recordar (já os havia visto algumas vezes) outros inéditos (para mim) apesar de conhecer os seus criadores e os diretores.
Com excessão de Wayne Wang, que se mostrou uma surpresa deliciosa. O filme não precisa de muitas palavras, a emoção transborda, a delicadeza e a simplicidade da narrativa enleva nossa alma cansada da vulgaridade e previsibilidade cinematográfica de nossos dias, permeada de tecnologia, monstros, e imagens. Tenho sede de palavras, tenho sede do sentir pleno e total dos artistas.



Carlos Saura, minha grande paixão. Dele escolhi dois filmes já assistidos algumas vezes, "Mamãe faz 100 anos" e "Tango", este último magnífico, que sempre me arrepia e me faz aplaudir sozinha, em casa.

"Mamãe faz 100 anos" é a combinação da vida familiar - que pode ser a de cada um de nós - e a mágia, sempre presente na obra de Saura.

TANGO dispensa comentários. A dança, o enredo, a personagem do diretor do espetáculo, a sensualidade. Tudo é único e saboroso.




Anatomia do Medo consegue nos levar para a viagem surreal atraves do tempo, para uma cultura totalmente diferente da nossa. O medo da Bomba H inunda a mente do patriarca de uma grande familia japonesa e faz com que decida mudar-se para o Brasil, segundo ele o lugar mais seguro do mundo no caso de uma guerra nuclear. Ninguém acredita nele.

Kurosawa, outro diretor com o dom de emocionar, no filme Anatomia do Medo nos dá a dimensão exata das consquências de sucumbir ao pai de todos as fraquezas, o MEDO.

Costa Gravas com o filme "Z", concretiza as imagens que vivencei na leitura do livro. Alimenta nossa revolta, a indignação que sentimos pelo alcance do poder totalitário, que não aceita e pune idéias, sonhos de paz e liberdade. O livro me deixou triste, o filme deu vida à essa tristeza. Jamais seremos livres, jamais haverá paz e harmonia entre os homens, suas vaidades, seus egos enormes e sua baixa auto estima não permitem e nunca deixarão que o discurso pacifista alcance o poder. Quando digo poder sinto a desarmonia da idéia com o discurso, quero dizer: a amplitude da paz apesar do Homem.

O filme "NOSSA MÚSICA" de Godard jogou a última pá de cal nas minhas esperanças. Imperdível, com Godard em cena, no seu próprio papel de escritor e cineasta, torna definitiva a falta de esperanças. O filme é divido em três partes, o INFERNO = GUERRAS que o mundo vivenciou durante toda a existência humana, o PURGATÓRIO = SARAJEVO pós guerra e o PARAÍSO = NATUREZA, mesmo assim patrulhada por marines estadunidenses. Não há como ter esperanças.

Apesar de tudo, ainda acredito no homem, na sua capacidade de recuperação, sua resistencia e sensibilidade.

O filme trata ainda da responsabilidade que a poesia possui em relação ao social.

Se tivesse que indicar um desses, seria NOSSA MÚSICA. Filme incrível e profundo, como toda a produção de Jean-Luc Godard

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