quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CAMPEÃ - UNIDOS DA TIJUCA


Finalmente, o Paulo Barros mereceu, afinal foram vários vices campeonatos quando deveria ser o primeirão. Adoro o trabalho desse fantástico carnavalesco. Este ano não acompanhei o desfile em protesto pelos anos nos quais o Paulo Barros foi injustiçado. Ano passado jurei que não iria acompanhar tamanha palhaçada. Acho que dei sorte para o meu querido carnavalesco, vai que fico alí, ansiosa, torcendo e nada....


Faço das palavras do meu querido HOMERO VENTURA as minhas, acrescentando apenas, se me permite o cronista, o sentir do carnavalesco, a delicadeza de sua comunicação de massa, a forma como enaltece a sensibilidade do povo, Paulo Barros não só nos brinda com sua arte, mas diz durante o desfile: nosso povo sabe, nosso povo sente, o carnaval é do povo.

"ALEGRIA

Se você colocar uma letra 'O' entre as letras 'G' e 'R' aí do título, e acrescentar 'HUMANA', você tem o nome de uma invenção do Século XXI. O inventor chama-se Paulo Barros, que tem uma profissão interessante. Cê já imaginou, o cara chegar num banco para preencher uma ficha, a mocinha pergunta: 'Nome?', ele diz 'Paulo Barros', depois 'Profissão?', e o cara, 'Carnavalesco'? Pois é, uma profissão muito restrita. Só uns poucos podem ostentar o título, creio que umas poucas centenas de pessoas no mundo, mas as que mais importam são as que dirigem o Carnaval do Rio de Janeiro, daí, o universo que interessa se restringe a pouco mais de uma dezena. São, na verdade, artistas, com um ano para criar sua arte e 82 minutos para mostrá-la na Avenida. Esse tal de Barros resolveu revolucionar o Carnaval, quando lançou, em 2004, a 'Alegoria Humana', com mais de 100 pessoas simulando um DNA, na Unidos da Tijuca. E ele inovava também nos outros carros alegóricos, e nas fantasias, perfeitamente amarradas ao enredo, mas não levou o título.

Se você trocar a letra 'R' de posição aí do título para antes da letra 'G', você tem o sentimento que eu estava desenvolvendo pelo Carnaval do Rio, na Sapucaí, pois vieram outros anos, outras maravilhas de alegorias, mesmo à frente de outra escola, e nada. O cara ganhava sempre os Estandartes de Ouro, d'O Globo, mas na hora do vamuvê, nada! Via que, seguidamente, aquele novo gênio era preterido pelos jurados que 'entendiam' de carnaval, em prol das escolas tradicionais, com seus enredos normais, suas fantasias comuns, suas alegorias sem graça, enquanto um cara super criativo ficava lá, tendo que se contentar em repetir o seu show no Desfile da Campeãs. Ainda assim, sempre acompanhei os últimos anos (não gosto é de bloco ou baile), fosse pela TV ou ao vivo, na esperança de vê-lo vencedor.

Se você trocar a letra 'G' de posição aí do título para o começo da palavra, e colocar o complemento 'DOS CARNAVALESCOS REVOLUCIONÁRIOS', é aonde o Paulo Barros está, desde 2004, na companhia de Joãozinho Trinta, e uns poucos outros.

Se você não trocar nenhuma letra de posição aí do título, você tem o sentimento que se apossou hoje, quarta-feira de cinzas de 2010, tenho certeza, de grande do povo carioca (ainda que torcedores de outras escolas), e porque não dizer, do povo brasileiro, já que a Sapucaí é o centro das atenções do país nesta época. Finalmente, Paulo Barros conseguiu descobrir como ganhar carnavais, retratando SEGREDOS. O enredo partiu da idéia de um estudante, através do Orkut, que o Paulo Barros, antenado com os tempos modernos, leu, e começou a burilar a cabeça sobre como poderia surpreender de novo. E conseguiu! Retratou o segredo dos ilusionistas na melhor Comissão de Frente que qualquer pessoa de bom senso já viu. Felizmente, os jurados entenderam isso, e deram 5 Dez Nota Dez, mas a diferença foi muito pouca: a Tijuca só livrou dois décimos no quesito, devia livrar um ponto inteiro. Eu fiquei até com vergonha, com pena das outras pobres escolas que vieram depois no primeiro dia, mesmo pela TV, ou no segundo dia, que vi lá na Avenida. A única que chegou perto, com algo mais que uma simples coreografia bonita, foi a Vila Isabel, com aqueles violões multi-uso. A categoria 'Alegorias e Adereços' lhe rendeu outros preciosos, mas parcos, três décimos, afinal os carros alegóricos beiravam a perfeição:
um Abre-Alas pegando fogo, retratando o incêndio da Biblioteca da Alexandria, que guardava muitos segredos;
os misteriosos Jardins Suspensos da Babilônia com 5.000 plantas verdadeiras;
um enorme pergaminho com segredos Mayas;
o segredo das identidades secretas dos super-heróis, retratado por uma rampa de acesso para Spidermen e descenso para Batmen de esqui;
a tão esperada Alegoria Humana, com o pavão negro, símbolo da escola;
e o resto....
Ironicamente, a Alegoria Humana deste ano campeão não foi tão brilhante como todas as outras com que nos brindou, em outros seis anos.
Felizmente, o resto estava mais que brilhante..
Pra terminar, uma declaração do Presidente da Unidos da Tijuca, de antes do desfile, quando perguntado sobre como se sentia quando Paulo Barros chegava com aquelas idéias malucas, ele disse: "Meu papel é conseguir o dinheiro para ele realizaá-las, sem contestação!" ou algo assim...

Sábia decisão!

Homero Curado da Alergia Vent
ura"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL 2010

Este ano não foi igual àquele que passou. Continuei trancada em casa, como em todos os carnavais, é muito calor humano para o meu temperamento solitário, no entanto não peguei a montanha de filmes que costumo alugar nessas datas populares. Preferi ler, ir ao cinema e ver televisão - Lost já iniciou a última temporada.... Além das novas temporadas de CSI, CSI New York, NCIS, Criminal Mind e outras. Adoro séries! Mas este é outro assunto, para breve, assim que os mistérios da melhor série desde Friend forem revelados, prometo uma matéria a respeito.


O Filme que assisti por duas vezes foi AVATAR, infelizmente ainda não me sinto apta a qualquer comentário que não caia no lugar comum: maravilhoso, adorei, fiquei em choque, enfim, essas bobagens que dizemos quando estamos sob intenso entusiasmo. Também ficará para depois.

Dei início a leitura de um livro, não vou dizer o título nem o autor, mas não consegui terminar, um horror. Mas como sou benevolente e sempre dou o maior número de chances que minha paciência permite, li até a metade do livro. Então desisti, nada aconteceria, a narrativa girava em torno de sí mesma, sempre repetindo e nada acrescentando. Há autores que acreditam que o número de páginas é um dado de valor na obra. Deixa prá lá!


Foi Gabeira que elevou o nível das leituras de carnaval. "Sinais de Vida no Planeta Minas" é uma obra simples, belíssima e profunda. Utiliza a história que chocou o meado dos anos 70 (lembro-me bem da notícia) da morte de Angela Diniz por Doca, e faz uma merecida homenagem às mulheres das Minas Gerais. Cruza as história de Beja e Chica da Silva com a da Tia Pantera. Nâo é uma comparação, como muitos leitores desavisados poderão entender, trata-se do amor que só nós, alienígenas do planeta Minas pode sentir, o amor pelas montanhas, pelo sotaque (às vezes paulista outras baianos) da tradição, das características únicas de uma sociedade secular alicerçada pela família.

Tenho orgulho de ter minhas raízes nas Gerais, apesar de ter nascido no Rio - um acidente provocado por meu pai rebelde.

Enfim, o calor me enlouqueceu, não dei sorte com os livros escolhidos, mas, mesmo assim, foi melhor que me enfiar na barbárie de centenas de almas suadas, bêbadas e barulhentas.