terça-feira, 14 de setembro de 2010

CURRÍCULO

ANÁLIA DE OLIVEIRA MAIA

Brasileira, solteira,

Rua General Glicério, 58/104 Laranjeiras

22245-120, Rio de Janeiro – RJ

Residência: 3546-2942 / Celular: 9310-7840

anaolimaia@yahoo.com.br




OBJETIVO


Atuar no Ensino médio e/ou na graduação de letras, lecionando redação, literaturas brasileira, portuguesa, africana de língua portuguesa e teoria da literatura.


FORMAÇÃO


Graduação

LETRAS – UNIS – Centro Universitário do Sul de Minas (dez/2001)

Direito – UFF – Universidade Federal Fluminense (dez/1974)


Pós-graduação – Especialização

Informática na Educação – Universidade Federal de Lavras (MG) (2002)

Direito Privado – UFF – Universidade Federal Fluminense (1997)


Cursos Complementares

Extensão universitária em Formação de Tutores de ensino a distancia (340h)

Extensão universitária em Ambientes Virtuais de Aprendizagem – Novas Ferramentas para EaD (40h)


HISTÓRICO PROFISSIONAL


Escola SESC de Ensino Médio – 2007

Consultoria Pedagógica – Elaboração do Projeto Pedagógico para o ano letivo de 2008


ITEC – Instituto Tereza Coutinho – fevereiro/2005 a dezembro/2006

Ensino Médio – Redação e Literatura


Colégio Evolução – fevereiro/2005 a dezembro/2006

Ensino Médio – Redação e Literatura


UNIS – Centro Universitário do Sul de Minas – de fevereiro/2004 a dezembro/2004


Projeto VEREDAS – Curso Normal a Distância – Iniciativa da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais – extensiva à rede pública estadual e municipal (2002/2004) Varginha (MG)


Sistema ANGLO de Ensino (Colégio Cetem de Varginha)

Literatura e Redação - 2000 até 2004


Colégio Objetivo de Lambari (MG)

2001 até 2003


Colégio Etapa Sapiens de Varginha (MG

Literatura e Redação - 1999


TRABALHOS ACADÊMICOS


Publicação do TCC – UFLA – no site:

www.rxmartins.pro.br/tecduc/mono-analia.pdf


Revista Interação – UNIS/MG

Revista Acadêmica do UNIS – Título: “Síndrome do Estrangeiro – Uma leitura das personagens Joana e Lori de Clarice Lispector”. (2002) – Varginha (MG)


USP – Menção Honrosa – Trabalho: “Síndrome do Estrangeiro – Uma leitura das Personagens Joana e Lori de Clarice Lispector”

Orientadora: Dra. Aparecida Maria Nunes


PRINCIPAIS REALIZAÇÕES


Palestras acadêmicas ministradas em todo o Sul do Estado de Minas Gerais:

O universo da Narrativa em prosa, verso e imagem

O trabalho com a Poesia

A Formação do Leitor

Matrix – Uma Leitura do Mito da Caverna de Platão


UNIARTE – Criação do Grupo de Teatro Universitário e montagem de peças adaptadas de clássicos da literatura brasileira e portuguesa:

Abapuru – Aquele que come

João e Maria no País da Poesia

Auto da Barca do Inferno

A palhaça Margarida apresenta: Um circo literário

O Rei da Vela

Episódio Inês de Castro – Um drama português

Fernando por pessoas – a poesia de Fernando Pessoa


IDIOMAS

Francês e Espanhol - Básicos


domingo, 15 de agosto de 2010

O VERMELHO E O NEGRO


Há, pelo menos, 30 anos li a obra de Stendhal “O VERMELHO E O NEGRO”. Cansada da literatura atual, optei por reler os clássicos universais. Como escrevi no post anterior, iniciei com “CRIME E CASTIGO”.
Hoje terminei a leitura de Stendhal. Definitivamente o livro não era o mesmo, a história completamente diferente e a personagem, Julien Sorel, uma surpresa.

Lembro-me da antipatia que ele me despertou na primeira leitura, da desconfiança que tinha do seu caráter. Não entendi Julien, mas agora, na maturidade, posso compreendê-lo e a antipatia se esvaeceu na reflexão e no impacto que sua personalidade me causou.

A leitura é encantadora, o autor, em suas digressões (que lembram Machado), nos inclui na elaboração da narrativa: justificativas, esclarecimentos e até desculpas nos são dirigidas em alguns parágrafos.

Selecionei algumas passagens, mais pela identificação que logrei com estas do que pela preocupação em transmitir, aos meus leitores, o que quer que seja. Das escolhidas, vou transcrever poucas, para não cansa-los e para não furtar-lhes o prazer da leitura.

STENDHAL (Marie-Henry Beyle)

DE JULIEN, na prisão, pois só aí se vê diante de si e identifica-se enquanto homem-provinciano-especial-único:

Diante da morte:

“[...] Palavra, se eu encontrar o Deus dos cristãos, estou perdido: é um déspota e, como tal é cheio de idéias de vingança; sua Bíblia só fala de punições atrozes. Nunca o amei; nunca quis mesmo acreditar que o amassem sinceramente. Ele não tem piedade.”

Ainda no calabouço, quando consegue se definir:

“[...] Não se conhecem as nascentes do Nilo [...] não foi dado aos olhos do homem ver o rei dos rios em estado de simples córrego; assim também nenhum ser humano verá Julien fraco, e antes de tudo porque ele não o é. Mas eu tenho um coração fácil de comover; a mais simples palavra, se for dita com um acento verdadeiro, pode enternecer minha voz e mesmo fazer correrem minhas lágrimas.”

Escolhi duas digressões metalingüística de importância para os leitores conscientes:

“[...] Senhores, um romance é um espelho que é levado por uma grande estrada. Umas vezes ele reflete aos vossos olhos o azul dos céus, e outras a lama da estrada. E ao homem que carrega o espelho nas costas vós acusareis de imoral! O espelho reflete a lama e vós acusais o espelho! Acusai antes a estrada em que está o lodaçal, e mais ainda o inspetor das estradas que deixa a água estagnar-se e formar-se o charco.”

Numa digressão onde o autor conversa com o editor que lhe cobra a transcrição de uma conversa política e responde:

“[...] A política – respondeu o autor – é uma pedra amarrada ao pescoço da literatura, e que em menos de seis meses a submerge. A política no meio dos interesses da imaginação é como um tiro no meio de um concerto. É um ruído que é cruel sem ser enérgico. Não harmoniza com o som de nenhum instrumento. Essa política irá ofender mortamente metade dos leitores, e aborrecer a outra, que a viu de uma forma muito mais interessante e energia nos jornais da amanhã...”.

Pois bem, concordo completamente com o autor, um homem complexo e incompreendido em sua época, que foi obrigado a escrever pouco posto que necessitasse sobreviver, trabalhar.

Julien só mergulhou em si após a prisão, na solidão do cárcere identificou sua verdadeira natureza e alcançou o estado de felicidade, até então impossível para o pobre provinciano filho de um carpinteiro.

Conforme atesta a digressão metafórica do espelho, Stendhal não esconde a vileza, a imoralidade e a hipocrisia da época e, de hoje, que reinam absolutas nas mais diversas sociedades humanas.

Espero viver o bastante para reler obras dessa natureza, para identificar-me na leitura madura de livros já lidos há tempos passados.

domingo, 8 de agosto de 2010

CLASSICOS DA LITERATURA

Estou num momento muitos especial. Nem sei dizer porque especial... talvez caótico seja o adjetivo mais adequado. Mas isso não importa, o que interessa aqui, para este blog é que decidi reler os clássicos internacionais que marcaram tanto a minha juventude.
Dei preferência por aqueles mais distantes da minha memória. Iniciei com "CRIME E CASTIGO" de Dostoiévski. Incrível como a obra literária se modifica pela atuação do leitor. Não foi a mesma leitura que efetuei há mais de trinta anos, não foi a história de um rapaz aterrorizado por sua realidade imutável, foi além, foi experiência de reflexão profunda, de tirar o sono. A leitura se aproximou mais de uma abordagem filósofica desta vez. Na primeira leitura era tão jovem, havia tão pouco na minha bagagem de vida. Não possuia referências existenciais para ler nas entrelinhas.
Valeu as noites insones.
Agora estou lendo "O VERMELHO E O NEGRO" de Stendhal. Na época me pareceu um romance de amor, a paixão de um campones por uma dama da sociedade francesa, provinciana e inocente paixão. Mas agora.... a leitura mudou de tom, suas cores ficaram mais acentuadas. Estou na metade do livro.
Enfim, continuarei por aí.

sábado, 26 de junho de 2010

A PROCURA DE ÉRIC

Comédia dramática mostra o jogador francês sob o ponto de vista de um fã.


Não gosto de escrever o enredo, parece que deixamos o melhor fora do prazer que o filme nos proporciona. Por isso não vou contar a história. Mas posso adiantar que o ator que interpreta o grande jogador francês que brilhou no Manchester United nos anos 90, é ele mesmo, sim, o ícone do futebol inglês, Eric Daniel Pierre Cantona, ou o REI ERIC.

O outro Eric, o Carteiro, está afundando numa depressão profunda com a maturidade. Sofre da Sindrome do Pânico desde jovem (sem conhecer a doença). Isso leva o rapaz a cometer inúmeros erros.


A história segue o seu ritmo, entre os cigarros de maconha que fuma vai vivendo uma vida terrível, sem qualquer controle. Mas durante o "barato" ele tem conversas fantásticas com o grande Rei Eric, o jogador de futebol que é como um ídolo para o personagem.


O filme é delicado, sem qualquer sofisticação, parece até um documentário, um filme caseiro. Mas é de uma sensibilidade e comicidade incríveis.


Em diversos momentos nos identificamos com o personagem do Eric Carteiro; sua dificuldade de dizer não aos filhos, o medo de enfrentar o passado.

Algumas frases são decidiamente antológicas, como, por exemplo, quando o Rei Eric diz para o Eric Carteiro que as lembranças boas são as mais dolorosas. Outra frase, que o jogador diz numa entrevista é: "Quando as gaivotas seguem o barco dos pescadores, é porque pensam que as sardinhas serão atiradas ao mar".



AMIZADE: É a base do filme. São os amigos que tentam trazer o Eric à vida, tentam fazê-lo rir, insistem para que ele os acompanhe no futebol (paixão que os une). Os amigos se unem para livra-lo de uma "roubada" criada por um dos enteados. Quem tem amigos jamais morrerá só. Amigos são a base de uma vida sadia e alegre.

Tudo isso é colocado sem melodramaticidade, a busca da semelhança com a vida de qualquer pessoa comum, em cada um deles o espectador poderá identificar um amigo de seu circulo pessoal.

EM ÉPOCA DE COPA NADA MELHOR DO QUE ASSISTIR "A PROCURA DE ERIC"

sábado, 19 de junho de 2010

A MAIOR FLOR DO MUNDO

http://flocos.tv/curta/a-flor-mais-grande-do-mundo/

A sara do mago (Saramago)

esta lágrima, vertida sentidamente,
embarga a voz,
todas as lembranças…

no sentir,
nos caminhos de tantas andanças,
fica a memória,
a história

tantas mudanças…

ESTE TEXTO É DE AUTORIA DO MEU GRANDE AMIGO DE ALÉM MAR, JOÃO VIDEIRA

SANTOS, CUJO O BLOG PODE SER APRECIADO NO LINK

http://joaovideirasantos.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de junho de 2010

MORREU SARAMAGO


e com ele vai mais um pedaço de mim.


Ah! pedaços de mim....


espalhados pelo tempo, pela estrada há tanto percorrida,

dores, sonhos, deixados pelo caminho,

solidão.


Com Saramago uma parte de meu sentir se vai,

na sua imagem querida, nas palavras elaboradas e colocadas com esmero no texto.


Nunca mais um lançamento,

silêncio nas prensas, no prelo,

silêncio em meu coração.


Resta o já escrito, talvez, com sorte,

alguma obra póstuma,

novo pensar, inédita visão de Mundo.


Mais um interlocutor que se vai.


Meu amado Saramago!

domingo, 6 de junho de 2010

NÃO MORRA ANTES DE MORRER

As revoluções são idealizadas por utópicos, realizadas por fanáticos e exploradas por patifes.” (Thomas Carlyle)

Não Morra antes de Morrer”, romance do russo Yevgeny Yevtushenko, trata com lirismo, próprio do conhecido poeta e “prosador estreiante” como se autodenomina, da transição da URSS para a RÚSSIA, do comunismo para a democracia, da substituição da bandeira vermelha pela tricolor russa. Mesclando personagens reais no cenário recente da tentativa de golpe contra a democracia em agosto de 1991 e atores fictícios, Yevtushenko divulga a alma desse povo único, carente da maturidade autosuficiente, característica dos povos ocidentais mais avançados. Ele mesmo integra o elenco dessa narrativa que nos prende desde as primeiras páginas. Um documento histórico desfilado ainda no frescor dos fatos por uma testemunha ocular. Magnífico.

A narrativa em suas quase 500 páginas é completamente poética, construções frasais carregadas de emoção conseguem levar o leitor ao sentimento do povo russo, suas angústias e medos.

Para aqueles que gostam de “Viajar” nas páginas de um livro, “Não morra antes de Morrer” é leitura obrigatória.

Poético e épico ao mesmo tempo, o romance de Yevtushenko narra desde as lembranças políticas e pessoais do autor até uma visão de mundo confusa e ainda misteriosa diante da transição de um país agonizante para uma ainda recém nascida e insegura Rússia democrata.

A obra deste poeta, romancista e ativista russo é documental, traça um retrato fiel da nova Rússia. Nela o autor descreve os três dias que chocaram o mundo, na tentativa de golpe de Estado em agosto de 91pelo antigo regime comunista.
Finalmente, inferi que a morte ainda em vida se dá quando se perde a capacidade de amar. Amor universal e irrestrito pela humanidade. Entendo que daí vem o título. Também pode-se apreender que a morte da URSS foi ainda em vida, quando seus alicerces já estavam apodrecidos e seus ideias revolucionario perdido na corrupção e ignorância de seus comandantes.

Yevgeny Yevtushenko

Escritor e líder soviético da geração dos poetas da era pós-Estaline que descende de ucranianos exilados na Sibéria, nascido em 1933. Afirmou-se como defensor da liberdade artística e de uma literatura liberta das bandeiras políticas. A sua poesia começou a ser reconhecida após a morte de Estaline. Escreveu também vários romances. A sua autobiografia foi publicada em Paris em 1963.

sábado, 29 de maio de 2010

HIGIENE DO ASSASSINO

Um romance de diálogos ou uma peça de teatro?

A narrativa metalingüística de “Higiene do Assassino” pode ser utilizada como uma dramaturgia (carente de técnica específica), porém com uma temática instigante, com uma intensidade lingüística capaz de produzir um profundo soco no estomago.

O escritor personagem, Pretextat Tach, promove, nos diálogos com os jornalistas que tentam entrevistar o Prêmio Nobel da Literatura, uma verdadeira aula de linguagem. A crítica que faz contra os “pseudoleitores”, se referindo aos leitores que dizem ler sem ler. O desprezo pela mediocridade arrogante dos intelectuais de salão fica clara no texto abaixo transcrito, que nos dá a verdadeira dimensão de sua descrença:


“ [...] há um punhado de desocupados, vegetarianos, críticos novatos, estudantes masoquistas ou ainda curiosos que chegam ao ponto de ler os livros que compram.[...] quando eu lhe dizia que liam sem ler! Posso me permitir escrever as verdades mais arriscadas, todos sempre irão ver nelas metáforas. Isso nada tem de surpreendente: o pseudoleitor, encouraçado no seu escafandro, passa de forma totalmente impermeável através de minhas frases mais sangrentas. De tempos em tempos, exclama, encantado: ‘Que belo símbolo!’ Éo que se chama leitura limpa. Uma invenção maravilhosa, muito agradável de se pratircar na cama antes de adormecer; acalma e nem sequer suja os lençóis.”

Há ainda citações de grandes autores, crenças filosóficas totalmente inéditas, o burlesco, a psicopatia, enfim, uma leitura perigosa que merece cuidado. Amélie Nothomb, uma jovem escritora belga, é impiedosa com as palavras, em suas mãos a “pluma” adquiri força de uma arma letal. Talentosa, criativa e totalmente fora do “lugar comum”, Amélie merece ser lida pelos verdadeiros leitores, mesmo que sejam poucos.

Acredito que tornando sua as palavras impiedosas de Tach, a autora quer dar um grito de protesto contra as leituras equivocadas e a favor do respeito aos artistas das letras.


Amélie Nothomb (Kobe, Japão, 1967) é uma escritora belga.
Passou a infância e a adolescência no Extremo-Oriente, em particular no seu país natal e na China. Profundamente marcada pelo Japão, onde o seu pai foi embaixador, fala fluentemente japonês e foi intérprete em Tóquio. «Grafómana», como se define a si própria, escreve desde sempre. Em 1992, com 25 anos, fez a sua entrada no mundo das letras, sendo hoje uma das figuras mais mediáticas da cena literária francesa. Tem nacionalidade belga e vive normalmente em Bruxelas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

CAIM




"Caim é o que nasceu para ver o inenarrável, Caim é o que odeia deus”.

É o que diz SARAMAGO no livro "Caim", que ganhei de presente antecipado pelo dia das mães. Minha filha não aguenta esperar! Como sou apaixonada pelo prêmio Nobel português, já li e adorei! Dei boas risadas... O humor do autor e ácido, mas inteligente.

Coerente com suas idéias em o "evangelho segundo jesus cristo", Saramago deixa claro seu ateísmo e sua lógica ao criticar deus, suas decisões e seu narcisismo.

A narrativa lembra um pouco o enredo de Lost. A propósito, minha filha me deu - também antecipadamente - de presente os dvds da primeira temporada do seriado que pretendo assistir novamente após o encerramento do ultimo episódio no dia 25 deste mês.




Mas voltando a Saramago e o seu Caim, passeia este último pelo tempo e nos serve de cicerone pelas páginas da bíblia, que segundo o autor: “[...] À Bíblia eu chamaria antes um manual de maus costumes. Não conheço nenhum outro livro em que se mate tanto, em que a crueldade seja norma de comportamento e ato quase natural."


No entanto não aconselho a leitura aos fervorosos crentes, acredito que ficarão revoltados e odiarão o autor. Mas os menos comprometidos com crenças tradicionais poderão ler e buscar, pela reflexão, a lógica da narrativa.

Para mim foi excelente leitura, como ocorre sempre com a produção de José Saramago.

domingo, 25 de abril de 2010

A FERRO E FOGO e O DILÚVIO (cinco volumes)

A Ferro e Fogo, volumes 1 e 2, representa a primeira Parte da Triologia de Henryk Sienkiewicz sobre as Guerras da República Polonesa no século XVII, seguida pelos três volumes de O Dilúvio, continuação e Segunda Parte da Triologia sobre as terríveis guerras travadas por Poloneses, Ucranianos, Lituanos, Tártaros, Suecos, Alemães, enfim, os vizinhos da pequena grande Polônia.







Henryk Sienkiewicz é prêmio nobel de Literatura de 1905 com "QUO VADIS", autor de narrativa fluente e entusiasmada, permeia as atrocidades da guerra corpo a corpo com o humor delicado e ingênuo, próprio da época. Há também uma linda história de amor, ao estilo dos cavaleiros da Idade Média.


Os personagens, na maioria, são reais. Pesquisei na internet e pude comprovar a sua veracidade. No entanto trata-se de romance histórico, com toques de fantásticos e narrativas mirabulantes. Com as peripécias próprias do romantismo de primeira fase, nacionalismo, honra e amor à Pátria.



Vale a pena ler. Eu indico sem medo.


Devo pedir desculpas, precisarei me afastar para dedicação exclusiva à pesquisa científica. Terei que deixar minhas leituras de lazer para mergulhar em buscas e leituras técnicas. Mas logo que puder voltarei, ou não, nunca se sabe o que haverá após a próxima curva da estrada.
Amo vocês e agradeço o carinho que me dedicaram nestes dois, quase três, anos de contato virtual.

segunda-feira, 5 de abril de 2010


Lembro com saudades dos tempos passados quando escrevia compulsivamente em resposta a todos os sentir da Vida.
Cristina é assim. Menina escritora. Compulsiva no seu dialogar com o Mundo. Vejo-me nela, compassiva no seu penar de artista, pulsando junto à Gáia no ritmo da criação.

Procuro dar-lhe respaldo na sua produção literária existencial.

Qual não foi a minha surpresa ao receber o texto abaixo. Resultado desse encontro antigo com o mais recente fruto de Gáia com o deus homem, somos eu e ela. Mãe e filha cósmica?


Leiam o poema de Cristina Lima e tirem as suas conclusões.

PERDIDA
Cristina Lima


Perdida, estou perdida.
Não é apenas sobre achar o caminho,
É sobre achar a mim mesma,

Olho para trás, vejo tantas de mim.
Olho para dentro... Quem sou?
Shakespeariano isso... “Ser ou não ser”.
O futuro acena da densa névoa, mal posso ver...

Cheguei ao limite,
Sinto paixão, ciúmes, raiva, ansiedade...
Diante de mim um abismo,
Não é a morte, não é o fim, tampouco o começo.

Apareceu na minha vida uma mulher,
Cheia de paradoxos,
Antagônica, convexa e cônica,
De pensamentos em dégradé, esmaecendo na realidade.

Os cabelos de Anália mudam do cinza à púrpura;
Tinge os fios como tinge a vida;
A hora que bem entende!

Eu a olho; Eu me vejo;
Histórias diferentes? Nunca fomos apresentadas.
Sofrimentos empurrados para trás dos cabides,
Eis o mostro do armário;
Joga um beijo pra morte: Hoje não meu bem...
Ainda não...

Quando ela passa, observo,
Sou eu não sou?
Estou perdida de mim...
Logo no sacolejar da cabeça:
Ela é ela! Eu sou eu!

Sua imagem torna-se clara,
A névoa dá uma trégua,
E acena pra mim...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

TEMPOS DE PAZ

Preciso escrever.

Desde que aprendi o ofício de me fazer entender pela linguagem escrita, ainda em tenra idade, utilizo-a para externar minhas emoções. É com ela, através dela, da língua escrita, que entendo meu pranto, meu espanto, a dor que faz meu coração doer, ocupando o espaço além do permitido pela anatomia humana dentro do meu peito. A dor que sinto neste momento que me obriga a escrever com as lágrimas ainda saltando de meus olhos já tão doloridos.
O filme me foi indicado pelo dono na locadora. Ele sempre sabe do que vou gostar. Cheguei, depois de um dia de trabalho e chuva em seu estabelecimento e perguntei o que havia de bom para o feriado. Respondeu sorrindo que tinha a certeza que eu gostaria muito de “Tempos de Paz”, filme de Daniel Filho com Tony Ramos e Dan Stulbach (que ator!!!!). Desnecessário falar do Tony Ramos. Como pode um ator saltar impunemente de uma comédia “Se eu fosse Você”, numa interpretação primorosa, para um filme como “Tempo de Paz”? Só com talento, isso é certo.

“Tempo de Paz” trata com delicadeza e muita arte das minhas duas paixões: a língua e o teatro. Portanto é um filme metalingüístico, sensível que provoca o que há de mais profundo no ser humano, a compaixão.


O Dan interpreta um imigrante polonês que precisa convencer o funcionário da Alfândega (Tony Ramos) de que deve ficar no Brasil. Para tanto é desafiado a provocar no homem que está com sua vida nas mãos – um torturador frio e sofrido – as lágrimas da emoção. Daí em diante o filme depende do espectador, da sua sensibilidade e capacidade de se deixar penetrar pelo texto, pela emoção e implodir em prantos. Pelo menos foi o que aconteceu comigo.

Que filme!

Há muito não vivenciava essa catarse. A última vez de que me lembro foi com a cena do Tom Hanks vivendo o aidético que, ao som de Maria Calas, dança e diz o monólogo que lhe deu o Oscar.

Mas “Tempo de Paz” é brasileiro, fala do Brasil nos anos 40, o texto é primoroso, os diálogos entre os dois protagonistas (maior parte do filme) tocam profundamente na alma brasileira.

Preciso dar mais atenção ao cinema brasileiro. Com o personagem Clausewitz, aprendi muito sobre mim, se o que sei fazer é (...) como vou fazer outra coisa? Se há ou não espaço para o que faço paciência, mas é o que faço e o que me faz Feliz.

domingo, 28 de março de 2010

RETORNANDO DO LIMBO

A perda é recente. A dor não diminui. O conhecimento não ajuda. As crenças menos ainda. Então o que resta é a fuga, para dentro de si e para fora do Mundo. O que resta é o pranto insistente que não lhe deixa ver, não permite a leitura, não favorece o sorriso. O que resta é a escuridão da dor.

Assim, apesar de continuar minhas leituras, não tive “saco” de escrever, de dividir com o outro minhas experiências literárias e cinéfilas. Fiquei assim, prostrada, perdida entre caixas de sorvete, a televisão, os jogos na internet e as minhas leituras – porque dessas jamais me separarei – alguns poucos filmes que não merecem um texto. Com exceção de “A Partida”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009. Não que dê muita importância para essa premiação política e patética. “Guerra ao Terror” vencer de “Bastardos Inglórios”? Nem sei se foi indicado.
Tarantino se superou, fantástico, um dos melhores filmes que assisti no ano passado. Também gostei de “Avatar”, mas esse jamais ganharia o Oscar, imaginem um filme cujo o herói é um traidor dos EEUU vencer uma premiação totalmente comprometida com a política nacionalista e tacanha estadunidense!

Enfim, a lista de livros lidos de 18 de fevereiro até agora está ao lado, no Box “minhas leituras”. Merece menção apenas o livro “MORCEGOS NEGROS” de Lucas Figueiredo, jornalista mineiro que efetuou uma excelente pesquisa sobre o Caso PC que resultou na narrativa jornalista, porém muito interessante e instigante, do livro.

O filme que merece menção é “A PARTIDA” de Yojiro Takita, que aborda a visão oriental e budista da morte. Maravilhoso, delicado e sem qualquer maquiagem fantasiosa, o filme nos proporciona a oportunidade de refletir sobre a morte. Aliás o meu tema preferido.

Enfim, tenho certeza que minha ausência não foi sentida. Algumas vezes tenho vontade de encerrar este blog, vejo-o pretensioso e particular demais para ser publicado. Mas me permito um escape, uma válvula que nem sempre funciona, mas que considero importante, pelo menos por enquanto.

No momento o que me dá muito prazer é LOST. A série está fantástica. Estou amando. Pena que não tenho muito com quem conversar a respeito. A maioria dos meus conhecidos não assiste e ou não entendem, e a minoria que gosta está atrasada com os capítulos, não viram nem a 5ª.temporada.

É isso, e só isso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CAMPEÃ - UNIDOS DA TIJUCA


Finalmente, o Paulo Barros mereceu, afinal foram vários vices campeonatos quando deveria ser o primeirão. Adoro o trabalho desse fantástico carnavalesco. Este ano não acompanhei o desfile em protesto pelos anos nos quais o Paulo Barros foi injustiçado. Ano passado jurei que não iria acompanhar tamanha palhaçada. Acho que dei sorte para o meu querido carnavalesco, vai que fico alí, ansiosa, torcendo e nada....


Faço das palavras do meu querido HOMERO VENTURA as minhas, acrescentando apenas, se me permite o cronista, o sentir do carnavalesco, a delicadeza de sua comunicação de massa, a forma como enaltece a sensibilidade do povo, Paulo Barros não só nos brinda com sua arte, mas diz durante o desfile: nosso povo sabe, nosso povo sente, o carnaval é do povo.

"ALEGRIA

Se você colocar uma letra 'O' entre as letras 'G' e 'R' aí do título, e acrescentar 'HUMANA', você tem o nome de uma invenção do Século XXI. O inventor chama-se Paulo Barros, que tem uma profissão interessante. Cê já imaginou, o cara chegar num banco para preencher uma ficha, a mocinha pergunta: 'Nome?', ele diz 'Paulo Barros', depois 'Profissão?', e o cara, 'Carnavalesco'? Pois é, uma profissão muito restrita. Só uns poucos podem ostentar o título, creio que umas poucas centenas de pessoas no mundo, mas as que mais importam são as que dirigem o Carnaval do Rio de Janeiro, daí, o universo que interessa se restringe a pouco mais de uma dezena. São, na verdade, artistas, com um ano para criar sua arte e 82 minutos para mostrá-la na Avenida. Esse tal de Barros resolveu revolucionar o Carnaval, quando lançou, em 2004, a 'Alegoria Humana', com mais de 100 pessoas simulando um DNA, na Unidos da Tijuca. E ele inovava também nos outros carros alegóricos, e nas fantasias, perfeitamente amarradas ao enredo, mas não levou o título.

Se você trocar a letra 'R' de posição aí do título para antes da letra 'G', você tem o sentimento que eu estava desenvolvendo pelo Carnaval do Rio, na Sapucaí, pois vieram outros anos, outras maravilhas de alegorias, mesmo à frente de outra escola, e nada. O cara ganhava sempre os Estandartes de Ouro, d'O Globo, mas na hora do vamuvê, nada! Via que, seguidamente, aquele novo gênio era preterido pelos jurados que 'entendiam' de carnaval, em prol das escolas tradicionais, com seus enredos normais, suas fantasias comuns, suas alegorias sem graça, enquanto um cara super criativo ficava lá, tendo que se contentar em repetir o seu show no Desfile da Campeãs. Ainda assim, sempre acompanhei os últimos anos (não gosto é de bloco ou baile), fosse pela TV ou ao vivo, na esperança de vê-lo vencedor.

Se você trocar a letra 'G' de posição aí do título para o começo da palavra, e colocar o complemento 'DOS CARNAVALESCOS REVOLUCIONÁRIOS', é aonde o Paulo Barros está, desde 2004, na companhia de Joãozinho Trinta, e uns poucos outros.

Se você não trocar nenhuma letra de posição aí do título, você tem o sentimento que se apossou hoje, quarta-feira de cinzas de 2010, tenho certeza, de grande do povo carioca (ainda que torcedores de outras escolas), e porque não dizer, do povo brasileiro, já que a Sapucaí é o centro das atenções do país nesta época. Finalmente, Paulo Barros conseguiu descobrir como ganhar carnavais, retratando SEGREDOS. O enredo partiu da idéia de um estudante, através do Orkut, que o Paulo Barros, antenado com os tempos modernos, leu, e começou a burilar a cabeça sobre como poderia surpreender de novo. E conseguiu! Retratou o segredo dos ilusionistas na melhor Comissão de Frente que qualquer pessoa de bom senso já viu. Felizmente, os jurados entenderam isso, e deram 5 Dez Nota Dez, mas a diferença foi muito pouca: a Tijuca só livrou dois décimos no quesito, devia livrar um ponto inteiro. Eu fiquei até com vergonha, com pena das outras pobres escolas que vieram depois no primeiro dia, mesmo pela TV, ou no segundo dia, que vi lá na Avenida. A única que chegou perto, com algo mais que uma simples coreografia bonita, foi a Vila Isabel, com aqueles violões multi-uso. A categoria 'Alegorias e Adereços' lhe rendeu outros preciosos, mas parcos, três décimos, afinal os carros alegóricos beiravam a perfeição:
um Abre-Alas pegando fogo, retratando o incêndio da Biblioteca da Alexandria, que guardava muitos segredos;
os misteriosos Jardins Suspensos da Babilônia com 5.000 plantas verdadeiras;
um enorme pergaminho com segredos Mayas;
o segredo das identidades secretas dos super-heróis, retratado por uma rampa de acesso para Spidermen e descenso para Batmen de esqui;
a tão esperada Alegoria Humana, com o pavão negro, símbolo da escola;
e o resto....
Ironicamente, a Alegoria Humana deste ano campeão não foi tão brilhante como todas as outras com que nos brindou, em outros seis anos.
Felizmente, o resto estava mais que brilhante..
Pra terminar, uma declaração do Presidente da Unidos da Tijuca, de antes do desfile, quando perguntado sobre como se sentia quando Paulo Barros chegava com aquelas idéias malucas, ele disse: "Meu papel é conseguir o dinheiro para ele realizaá-las, sem contestação!" ou algo assim...

Sábia decisão!

Homero Curado da Alergia Vent
ura"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL 2010

Este ano não foi igual àquele que passou. Continuei trancada em casa, como em todos os carnavais, é muito calor humano para o meu temperamento solitário, no entanto não peguei a montanha de filmes que costumo alugar nessas datas populares. Preferi ler, ir ao cinema e ver televisão - Lost já iniciou a última temporada.... Além das novas temporadas de CSI, CSI New York, NCIS, Criminal Mind e outras. Adoro séries! Mas este é outro assunto, para breve, assim que os mistérios da melhor série desde Friend forem revelados, prometo uma matéria a respeito.


O Filme que assisti por duas vezes foi AVATAR, infelizmente ainda não me sinto apta a qualquer comentário que não caia no lugar comum: maravilhoso, adorei, fiquei em choque, enfim, essas bobagens que dizemos quando estamos sob intenso entusiasmo. Também ficará para depois.

Dei início a leitura de um livro, não vou dizer o título nem o autor, mas não consegui terminar, um horror. Mas como sou benevolente e sempre dou o maior número de chances que minha paciência permite, li até a metade do livro. Então desisti, nada aconteceria, a narrativa girava em torno de sí mesma, sempre repetindo e nada acrescentando. Há autores que acreditam que o número de páginas é um dado de valor na obra. Deixa prá lá!


Foi Gabeira que elevou o nível das leituras de carnaval. "Sinais de Vida no Planeta Minas" é uma obra simples, belíssima e profunda. Utiliza a história que chocou o meado dos anos 70 (lembro-me bem da notícia) da morte de Angela Diniz por Doca, e faz uma merecida homenagem às mulheres das Minas Gerais. Cruza as história de Beja e Chica da Silva com a da Tia Pantera. Nâo é uma comparação, como muitos leitores desavisados poderão entender, trata-se do amor que só nós, alienígenas do planeta Minas pode sentir, o amor pelas montanhas, pelo sotaque (às vezes paulista outras baianos) da tradição, das características únicas de uma sociedade secular alicerçada pela família.

Tenho orgulho de ter minhas raízes nas Gerais, apesar de ter nascido no Rio - um acidente provocado por meu pai rebelde.

Enfim, o calor me enlouqueceu, não dei sorte com os livros escolhidos, mas, mesmo assim, foi melhor que me enfiar na barbárie de centenas de almas suadas, bêbadas e barulhentas.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

Paulo Leminski e John Grisham

Certa vez, numa aula de Literatura, falando sobre o Romantismo e a obsessão dos românticos pela Morte, lembrei-me de algumas obras, como Saramago, Clarice e até Pessoa, onde a respeitável senhora era muitas vezes lembrada. No papo informal que caracterizava minhas aulas, compartilhei com aqueles adolescentes a minha visão pessoal da morte. Afirmei que é a minha melhor amiga, pois lembrar sua onipresença e inevitabilidade me dá a verdadeira dimensão da realidade. Com sua presença consigo selecionar melhor os fatos e os sentimentos que realmente merecem a minha atenção, pois diante de Seu toque definitivo todos os problemas, medos e inseguranças desaparecem. Os “meninos” – como eu gostava de chamá-los – ficaram fascinados e compreenderam, ou melhor, sentiram com a força de suas juventudes os românticos e suas obras. Principalmente os do segundo momento, os góticos.

Todo este preâmbulo para falar um pouquinho da minha última leitura.

Antes quero lembrar que há mais de dois anos leio o que “me der na telha”, não tenho mais compromisso com a literatura acadêmica, leio qualquer coisa que me der prazer.

Quero lembrar ainda que a minha penúltima leitura foi uma biografia. Não posso tecer grandes elogios, mas também não quero criticar, até porque levei a leitura até o fim. Talvez mais pelo biografado que pelo biógrafo. Paulo Leminski é realmente uma personagem fascinante. Espero que outras biografias sejam escritas, pois tenho certeza que um autor menos envolvido como Toninho Vaz possa nos trazer mais luzes sobre o pensar, o sentir e o fazer poético leminskiano.



Já a leitura de “A Câmara de Gás” de John Grisham, autor de Best-sellers como “O Dossiê Pelicano” e “O Cliente”, em princípio poderia ser confundida com mais um leve entretenimento – o que não deixa de ser verdade – mas, nas entrelinhas, no que não é dito, verifica-se uma literatura de reflexão interessante. O Homem e suas convicções diante da morte, a tal amiga de quem falei no preâmbulo dessas “mal traçadas linhas”, se transforma e se vê frente à total inutilidade das idéias impostas pelo sistema no qual está inserido. Diante da ilustre senhora, o que realmente é fundamental na natureza humana? O Amor? O outro deixa de ser um estranho?

Uma leitura que, de início seria apenas um “thriller” daqueles de nos fazer perder o sono, transforma-se numa obra de reflexão e pensar.

A obra é bem estruturada, suas 564 páginas encerram quatro semanas, tempo que o condenado no corredor da morte – USM (unidade de segurança máxima) no Mississipi – ainda possui para tentar reverter a condenação de morte pela câmera de gás. Nada é dito na literalidade, nada é dado de graça pelo autor, são duas obras no mesmo livro. A primeira, e mais evidente, é o Best-sellers, o thriller, a narrativa regurgitada, pronta, gerando o leitor passivo. A segunda, não escrita, é esotérica, camuflada nas entrelinhas, requer um leitor ativo, um interlocutor que desenvolva a narrativa com o autor.

É um bom livro. Nesses momentos fico muito frustrada por não saber ler em inglês. A leitura no original deve ser fantástica.

domingo, 10 de janeiro de 2010

MENTIRAS NO DIVÃ



"Mentiras no Divã", de Irvin D.Yalom, autor de "Quando Nietzsche chorou" de "A cura de Schopenhauer".

Na obra Yalom faz uma tentativa de reflexão na prática da terapia analítica. Expõe as fragilidades da terapia, critica a arrogância e desmistifica a figura do terapeuta.
Deixa para o leitor uma nova proposta de terapia, a relação de proximidade entre terapeuta e paciente.
Infelizmente continuo firme na minha rejeição a esse tipo de tratamento existencial, permaneço fiel ao meu terapeuta interior, à minha capacidade de auto análise e discernimento.
Com excessão da frágil qualidade da tradução que em alguns momentos prejudica o entendimento do texto, tornando necessaria nova leitura, a obra se coloca entre as melhores do autor. Só perde para o seu romance de estréia (ou de primeiro sucesso), "Quando Nietzsche chorou", para mim uma leitura inesquecível, não sei se pela incrível atração que sinto pelo filósofo protagonista ou se pela qualidade da obra - incluindo aí a sua tradução. Sinto-me anafalbeta por não ter condições de ler certas obras (exemplos: O Clube Dumas, A Menina que roubava livros, entre outros) no seu original.

domingo, 3 de janeiro de 2010

ANO NOVO - FERIADO DE 4 DIAS


Passei o final de semana prolongado, com minha filha viajando, assistindo os filmes que mais gosto. Foi difícil escolher, alguns seriam para recordar (já os havia visto algumas vezes) outros inéditos (para mim) apesar de conhecer os seus criadores e os diretores.
Com excessão de Wayne Wang, que se mostrou uma surpresa deliciosa. O filme não precisa de muitas palavras, a emoção transborda, a delicadeza e a simplicidade da narrativa enleva nossa alma cansada da vulgaridade e previsibilidade cinematográfica de nossos dias, permeada de tecnologia, monstros, e imagens. Tenho sede de palavras, tenho sede do sentir pleno e total dos artistas.



Carlos Saura, minha grande paixão. Dele escolhi dois filmes já assistidos algumas vezes, "Mamãe faz 100 anos" e "Tango", este último magnífico, que sempre me arrepia e me faz aplaudir sozinha, em casa.

"Mamãe faz 100 anos" é a combinação da vida familiar - que pode ser a de cada um de nós - e a mágia, sempre presente na obra de Saura.

TANGO dispensa comentários. A dança, o enredo, a personagem do diretor do espetáculo, a sensualidade. Tudo é único e saboroso.




Anatomia do Medo consegue nos levar para a viagem surreal atraves do tempo, para uma cultura totalmente diferente da nossa. O medo da Bomba H inunda a mente do patriarca de uma grande familia japonesa e faz com que decida mudar-se para o Brasil, segundo ele o lugar mais seguro do mundo no caso de uma guerra nuclear. Ninguém acredita nele.

Kurosawa, outro diretor com o dom de emocionar, no filme Anatomia do Medo nos dá a dimensão exata das consquências de sucumbir ao pai de todos as fraquezas, o MEDO.

Costa Gravas com o filme "Z", concretiza as imagens que vivencei na leitura do livro. Alimenta nossa revolta, a indignação que sentimos pelo alcance do poder totalitário, que não aceita e pune idéias, sonhos de paz e liberdade. O livro me deixou triste, o filme deu vida à essa tristeza. Jamais seremos livres, jamais haverá paz e harmonia entre os homens, suas vaidades, seus egos enormes e sua baixa auto estima não permitem e nunca deixarão que o discurso pacifista alcance o poder. Quando digo poder sinto a desarmonia da idéia com o discurso, quero dizer: a amplitude da paz apesar do Homem.

O filme "NOSSA MÚSICA" de Godard jogou a última pá de cal nas minhas esperanças. Imperdível, com Godard em cena, no seu próprio papel de escritor e cineasta, torna definitiva a falta de esperanças. O filme é divido em três partes, o INFERNO = GUERRAS que o mundo vivenciou durante toda a existência humana, o PURGATÓRIO = SARAJEVO pós guerra e o PARAÍSO = NATUREZA, mesmo assim patrulhada por marines estadunidenses. Não há como ter esperanças.

Apesar de tudo, ainda acredito no homem, na sua capacidade de recuperação, sua resistencia e sensibilidade.

O filme trata ainda da responsabilidade que a poesia possui em relação ao social.

Se tivesse que indicar um desses, seria NOSSA MÚSICA. Filme incrível e profundo, como toda a produção de Jean-Luc Godard