quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO



http://br.cinema.yahoo.com/filme/14042/reviews/maisestranhoqueaficcao

Temos, acima, um link onde estão postadas algumas resenhas. Já li todas, mas em nenhuma encontrei a leitura que, de imediato, elaborei na primeira visão do filme. Na verdade só assisti uma vez, logo efetuei minhas inferências e passo a compartilhar com vocês.

A história gira em torno da relação de uma escritora com o personagem de sua última obra. O personagem (Haroldo Crick) é um homem metódico, limitado por regras sociais, contido (evitando a vivência de paixões) com toda a sua vida "sob controle" - um emprego estável, uma casa, poucos amigos e nenhuma "loucura", por mais inocente que seja, um homem invisível.
A Escritora (Kay), uma mulher atormentada, solitária, anárquica, enlouquecida, tem sua existência baseada na paixão, no subjetivo. Esses universos, opostos, se encontram nas páginas de um livro que está sendo escrito por Kay.

Fantasias à parte, a metáfora é fato, muito bem elaborada, apresentada com humor e leveza que permitem ao espectador uma reflexão suave e uma descoberta fantástica.
A medida que Kay vai escrevendo, Harold vai ouvindo a narrativa, a voz de mulher que lhe traça um destino - a morte. Nós, simples mortais, vamos testemunhando as angústias de Harold (que vê toda a sua estrutura desmoronar) e a ansiedade de Kay (que não sabe como matar a personagem).

Terminada a exibição do filme percebemos, extasiados, a mensagem por tras da inusitada história . Harold precisa morrer para viver. Com a constatação da impermanência percebe que precisa viver. Existir não basta, é preciso amar, sofrer, se descabelar, perder o controle (que na verdade nenhum de nós possui). Harold descobre que, agora que está vivendo, deverá deixar de existir, ou uma realidade ou outra, não é possível viver e permanecer invisível.
Kay, a escritora, fumante enlouquecida por conta da dor de criar, percebe que precisa viver, saborear a vida em cada uma de suas nuanças. Abdica do grande sucesso de sua obra prima para viver, percebe então que estava escondida nas páginas de seus livros. Kay se liberda do compromisso de criar, a deusa abre mão do poder para viver.
Em muitos momento, em muitos detalhes, temos mensagens sublineares da mais antiga arte de todos os tempos, a filosofia.

Mais estranho que a ficção é um filme delicado, bem humorado e rico, são diálogos profundos que levam o espectador ao universo da reflexão.

Eu recomendo.




quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ESTOU DESEMPREGADA

Passei por uma experiência traumática. Após um exaustivo processo seletivo para uma vaga de professor numa escola IMPORTANTE do Rio de Janeiro, após interagir com a equipe por seis meses, deixar meu emprego anterior, programar uma mudança de vida, tanto física como emocional, desestruturar minha família, gastar todos os meus recursos financeiros na organização dessa nova vida, sou SUMARIAMENTE DISPENSADA pela DIRETORIA da ESCOLA, juntamente com os outros dois professores de Língua Portuguesa. As alegações foram distintas, para cada um de nós apresentaram uma motivação diferente. Para mim afirmaram que o GRUPO não conquistou a CONFIANÇA da diretoria.
O que causou muita revolta nos meus amigos e familiares foi o pouco caso na justificativa, ora, se foi o GRUPO a ser dispensado por que fomos comunicados separadamente? Se o GRUPO não atendeu às expectativas o correto, o ético, seria conversar com o GRUPO e não com seus elementos separadamente. Naturalmente o objetivo foi enfraquecer para ludibriar.
Não pude acreditar, desrespeitaram a mim e a minha família, os profissionais que processaram a Seleção, os profissionais que nos escolheram, e mostraram a verdadeira face, a hipocrisia por trás do belo discurso e da utopia.
Fiquei muito triste, a escola é apenas mais uma, num modelo imperialista e sectário, que em nada vai acrescentar ou mudar no panorama da educação no País. Pelo contrário, seu propósito é acentuar as diferenças, seu objetivo é formar a futura liderança do Brasil, moldada pelos parâmetros Estadunidenses.
O importante, para este blog, é compartilhar a forma como superei esse percalço. Foi com o apoio das ARTES, do olhar artístico, que pude afastar a nebulosa que a experiência provocou e VER a verdadeira face do fato.
Minha vida mudou, meus sentimentos amadureceram. Agradeço aos meus algozes por isso, por me libertarem de uma prisão que, mais adiante, traria muitos problemas para mim e minha família. Tenho planos que realizarei aos poucos, alguns já estão bem encaminhados.
Neste espaço quero compartilhar as reflexões e inferências realizadas pelas inúmeras leituras desse período. Os sentimentos e impactos dos diversos filmes que assisti, às peças de teatro, as músicas, as fotografias (tanto amadoras como profissionais), enfim, aqui, neste singelo blog quero dividir, conversar, trocar impressões e sensações sobre ARTE.