domingo, 14 de junho de 2009

AO ENTARDECER (EVENING)

Quando a metade da vida é ultrapassada e o tempo se torna exíguo as lembranças surgem, ocupando a maior parte dos dias. As noites ficam mais difíceis e, muitas vezes, o sono se perde nas brumas do tempo vivido. As viagens nas asas da memória trazem risos, lágrimas e perplexidade a rostos enrugados e opacos.
Acredita-se que muitos erros foram praticados, os acertos são negligenciados, o sentimento de importância, a certeza de ser especial, único, é abalada pelo olhar crítico e maduro do homem velho.

O sofrimento se instala, as rugas se aprofundam, a esperança se esvai, no reflexo do corpo, carcomido e triste, no espelho do quarto.
Será que esse sentimento é compartilhado por todos aqueles que chegam à senilidade? Será que as lágrimas do velho – muitas vezes atribuídas à demência senil – são reflexos dessa lucidez?

Vai saber!

O filme “Ao entardecer” com a direção de Lajos Koltai, baseado no romance de Susan Minot, com um elenco que conta com nomes como Vanessa Redgrave (magistral) Meryl Streep, Glenn Close entre outros, apresenta o momento final da vida com um lirismo e beleza incríveis. A fotografia é primorosa e a mensagem de uma sutileza que talvez passe despercebida do espectador descuidado.

Na retaguarda da narrativa de “Uma viagem emocional sobre um amor eterno e o profundo laço entre mãe e filha, EVENING reúne gerações de mulheres em um conto vivido em dois momentos, a juventude de duas grandes amigas, e seu reencontro nos dias de hoje, ao lado das filhas já crescidas.” (sinopse do site InterFilmes.com) tem-se uma reflexão madura e realista da vida vista pela presença da morte. Na verdade a morte é poética, apresentada mais como final do espetáculo, como o descer da cortina sob aplausos da platéia. Belíssimo poema à vida, lirismo acentuado na fotografia e no texto. As inferências são valiosas, principalmente para aqueles que já estão vivenciando o aproximar da viagem de volta, o grand finale
.

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