quarta-feira, 3 de setembro de 2008

The Fever

Filme / Drama
Nome Original: The Fever
Direção: Carlo Gabriel Nero
Elenco: Vanessa Redgrave, Michael Moore, Joely Richardson, Rade Sherbedgia, Geraldine James, Angelina Jolie, Cameron D'Angelo, Miriam Turner, Daria Knez
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2004
Duração: 83 min
Cor: Colorido
Classificação: Programa para jovens e adultos

Uma inglesa desperta, à meia-noite, num hotel de um país em guerra. Ela tem febre e começa a relembrar seu passado acomodado e as pessoas que mudaram sua visão de mundo. E descobre que de algum modo contribuiu com a violência gerada pela miséria.
Como você se sentiria se, em dado momento, sua lucidez lhe desvendasse a realidade da miséria humana? Tortura, fome, morte, dor, perda, carência, sujeira.

Você construiu seu mundo protegido, provido de todos os confortos de uma existência digna. Você lutou muito, estudou, trabalhou, criou seus filhos (hoje sua maior realização, motivo de orgulho e auto-estima). Você merece vivenciar as coisas bonitas, limpeza, arte, a boa mesa e os bons vinhos. Champagne. Você gosta da sua vida, está protegido. É um espectador da realidade. Da janela de seu carro, ou de seu táxi, ou mesmo do ônibus, você vê a miséria. Os mendigos que dormem na rua enquanto você vai para o trabalho. Os pedintes, os corpos cobertos de lona negra aguardando o IML. As balas perdidas na favela, a fome. A violência que fervilha à sua porta, tão perto, distante do mundo que você construiu. Não. Você não é um alienado, você sabe de tudo o que está acontecendo à sua volta. Compadece-se, mas nada pode fazer, a vida é assim; para alguns é mais fácil e para muitos, impossível. Você sozinho não pode fazer nada. É um problema de políticas públicas.

Mas suponhamos que num dado momento você acesse a realidade, não como espectador, não no conforto do seu quarto, da sua casa, do seu carro, do seu trabalho. Mas “in loco”. Você decide viver uma semana na favela, junto ao povo, sentindo o seu cheiro, sua fome, ouvindo sua linguagem, presenciando a tortura, a morte. Vamos supor que isso seja possível – que você queira essa experiência – já imaginou quais seriam as conseqüências? Você poderia retornar à sua vida estruturada e segura? Como seria para sua alma?

O filme “The Fever” aborda justamente esta questão.

É um filme denso, uma “pancada” na boca do estômago.
Não é uma abordagem a partir das injustiças sociais, pelo contrário, a abordagem é a partir de uma mulher madura, realizada, burguesa nos gostos e na existência. No entanto é uma mulher inteligente e sensível – apesar de toda a proteção que sempre teve da família, dos amigos e dos vizinhos (segundo ela mesma acredita).
Mas na próxima esquina, no momento de ir ao supermercado para abastecer a casa. Na hora de escolher a roupa que se usará para aquele encontro. No crepúsculo do dia, quando a cama é o destino. Tudo se perde, o sentido de sobrevivência é muito forte, precisamos viver, precisamos conviver, de preferência sem a dor.

E, com o cessar da febre, você retorna à segurança de seu mundo. Não é seu o problema. Mas tudo será da mesma forma? Você está limpo? Até que ponto foi contaminado pela convivência com a miséria?

Após assistir às belíssimas imagens, vivenciar a metáfora da descoberta (seu corpo ensangüentado, torturado e preso), quando surge na tela aquelas letrinhas pequenas que nos deixam perdidos, sem saber o que fazer nos próximos segundos, fica a questão, a pergunta milenar, a dúvida, o medo, a insegurança. O que fazer?

3 comentários:

Anônimo disse...

É. O que fazer?
(Vamos preservar a serenidade. Quem sabe desvendamos o mistério da continuidade da lua e do sol. A serenidade do céu. Quem sabe descubramos a paz. Um dia... E o que fazer? Vá saber.

Ana Manssour disse...

Anália, não encontrei um endereço de e-mail seu para entrar em contato diretamente.

Gostaria de verificar a possibilidade de você contribuir com o portal Plena Mulher com indicações e comentários de livros e filmes para o nosso público-alvo: mulheres a partir dos 40 anos.

Para conversar comigo, mande um e-mail para ana.manssour@plenamulher.com.br.

Um abraço.

Unknown disse...

gostaria de saber como adquirir este filme.