domingo, 11 de janeiro de 2009

A VIAGEM DO ELEFANTE

"Não é todo o dia que aparece um elefante nas nossas vidas." Assim tem início o resumo de orelha da obra de José Saramago. Como o texto não está assinado, concluimos que se trata de autoria da Editora, Companhia das Letras, responsável pelas publicações desse escritor maravilhoso.

Não posso afirmar que seja o melhor livro de Saramago, nem o pior (façanha que ainda não consegui levar a termo), mas é uma leitura agradável, repleta de humor e aventura, do elefante, o Salomão ou Solimão - dependendo do país em que está vivendo.

Pessoalmente tenho elefantes em minha vida há muito tempo, dos brancos, passando pelos cinzas, aos coloridos. Tenho uma amiga que é um elefante branco, não no sentido de estorvo, mas no sentido da maior pureza que o branco signifique. Possuo ainda uma memória típica de um elefante cinza, indiano ou africano, mas elefante. E sou adepta de Ganesha há muitos anos, desde que o conheci e à sua simbologia.


Saramago faz menção ao deus Ganesha, talvez a mais popular das deidades indianas. Pela voz de Subhro, o cornaca ou tratador de elefantes, tomamos intimidades com algumas características especiais dos elefantes, como sua sensibilidade, inteligência e meiguice.

A editora faz menção discreta ao cornaca na apresentação de orelha, o que é uma pena pois é Subhro que nos mantem em contato com o elefante Salomão.

A narrativa trata da viagem de Salomão ou Solimão, levado por seu cornaca Subhro ou Fritz, repetimos - depende se estão em Portugal ou Austria - suas aventuras e perigos. O elefante é um presente do rei de Portugal ao arqueduque e futuro rei de Aústria, Maximiliano. Saramago com sua habitual ironia, faz um paralelo entre as duas civilizações, a Ibérica e a Germânica.

É uma leitura saborosa, engraçada e cheia de possibilidades para uma reflexão a respeito das diferenças humanas.

Cabe assinalar a dualidade que o autor apresenta em suas críticas, há um momento a favor de Portugal, sua gente e sua cultura, a outro enaltecendo o povo austríaco, sua disciplina e organização. Vale especial atenção a comparação que faz entre o Algarves e a cidade italiana de Bressanone que, apesar de estar em território italiano, possui um nome alemão. Ambas sob influência de seus turistas estrangeiros.

O Livro é ótimo, A viagem do elefante se transforma, gradativamente, em viagem do leitor, no tempo e no espaço. Uma delícia.

2 comentários:

João Videira Santos disse...

Queridissima amiga:

Como sempre atenta e fiel leitora de tantos e tão bons escritores.

Se há blogs com interesse, este, é um deles!

Beijo

Anônimo disse...

Suas leituras são sempre uma referência de peso para mim!!!

Feliz ano novo!!!

Beijos!

Eber Maia