domingo, 26 de outubro de 2008

A BÚSSULA DE OURO

Lyra Belacqua (Dakota Blue Richards) é uma órfã que foi criada na Universidade Oxford. No mundo em que vive todas as pessoas têm um "daemon", ou seja, uma manifestação de sua própria alma em forma animal. Lyra leva uma vida tranqüila até ela e seu daemon, Pantalaimon, descobrirem a existência de uma substância misteriosa chamada "pó". Isto provoca um estranho efeito nas crianças, o que faz com que as autoridades religiosas se convençam de que representa o mal. Seguindo o misterioso Lorde Asriel (Daniel Craig), seu protetor, Lyra parte em busca de uma resposta. Em Londres ela descobre que diversas crianças estão desaparecendo, entre elas Roger (Ben Walker), seu melhor amigo. Com a ajuda de um instrumento ancestral, que se parece com uma bússola de ouro, ela parte numa jornada que pode alterar o mundo para sempre.
Clique a navegue pelo filme, é um barato, divertido, cheio de metáforas e simbolismo, mistico e um canto de amor aos animais.
Eu indico.

Ernesto Guevara, também conhecido como CHE

Livro em portuguêsBrochura1ª Edição - 2008 - 728 pág.
Há mais de 40 anos de sua morte - e 80 anos de seu nascimento - seu compromisso com a história permanece um símbolo de rebelião, esperança e justiça. Ernesto Guevara, também conhecido como Che é uma biografia minuciosa e detalhada, que revela na sua plenitude um homem sempre pronto para a luta. Paco Ignácio Taibo II, a partir de um vasto material e recorrendo a textos do Che - fragmentos de cartas pessoais e públicas, diários, notas manuscritas, artigos, poemas, livros, discursos, conferências, declarações em atas, entrevistas, frases e testemunhos de companheiros -, faz do próprio Che o segundo narrador desta história

Sempre efetuo comentários sobre os livros que me agradam. Também sou conhecida como admiradora de Che Guevara. No entanto há um vasto material sobre esse personagem que motiva amor e ódio, por isso vou me abster de escrever sobre o biografado e aconselhar a leitura da obra que, até então, foi a mais séria e isenta que li sobre esse homem impar que marcou gerações.
Paco Ignácio Taibo II que efetuou um trabalho excelente, com a colaboração de Che e citação explicita das fontes, nos oferece um relato fiel da trajetória de Ernesto Che Guevara.
Aos que amam a figura revolucionária do Che, aos que se emocionam com sua postura quixotesca, como eu, aos que o odeiam e não creem possível existir alguém com a sua personalidade, a todos indico a leitura deste livro que, com suas 728 páginas, dentre as quais 100 são de fontes e bibliografia pesquisada, nos faz pensar e repensar a maior parte daquilo que sabemos sobre o homem, o guerrilheiro, o poeta, o sonhador, Che.
Sobre o autor

Paco Ignacio Taibo II, narrador, historiador y periodista, es autor de cerca de 50 obras publicadas en 21 países y traducidas a una docena de lenguas. Ha obtenido el Premio Planeta / Joaquín Mortiz 1992 y tres veces el Premio Internacional Dashiell Hammett. Su biografía del Che Guevara publicada em 1996, lleva más de 260 000 ejemplares vendidos en 18 países y en 1998 obtuvo el Premio Bancarella por ser el 'libro del año' en Italia.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A SOMBRA DO VENTO

A leitura de “A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón é uma experiência impar, onde a reflexão objetiva, as idéias filosóficas, sociológicas e/ou políticas cedem espaço para o simples sentir. Substantivado o verbo, ampliada a semântica, o sentir se torna o nome da subjetividade levada às suas mais assustadoras conseqüências: a perdição pela insanidade.

Zafón propicia ao leitor essa viagem alucinada/alucinante por uma realidade cruel – nem por isso desprovida de lirismo – e verdadeira, carregada de fantasia. É isso mesmo, CONTRADIÇÃO ABSOLUTA.

Ao fechar o livro e, ato contínuo, abraçá-lo junto ao peito, tem-se a certeza que se esta diante da própria história. Comprovada a inutilidade de todas as tentativas de tornar-se especial, está-se sempre repetindo existências antepassadas. A vida é um eterno repetir de histórias, a exemplo do apresentado no filme “Les um et les autres”, de Claude Lelouch, 1981.

A obra, além de metalingüística, pois enaltece e canta com primor a arte literária, tanto por parte do escritor como do leitor: “[...] Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.” P.9, é também, ao mesmo tempo, suspense e mistério.
O primeiro contato de Daniel, um dos inúmeros narradores, com um livro, efetua a mudança no menino de dez anos que permeará sua existência adulta.
“[...] poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração. As primeiras imagens, o eco dessas palavras que pensamos ter deixado para trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde – não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou nos esqueçamos – iremos retornar.” P.11
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“... os livros são espelhos: neles só se vê o que possuímos dentro...” p.174

Carlos Ruiz Zafón

A narrativa é cinematográfica, fragmentada, com personagens narradores, misturando estilos. A linguagem ferina e cruel provoca náusea. O impacto faz da obra um fenômeno editorial pela ousadia do autor.

“ [...] Daniel ‘as pessoas são muito malvadas.’ ‘Malvadas não – observou Fermín – Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta de estábulo, convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulhoso de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade (...). O que faz falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes.’ P.129

“[...] Observei aquele grupo de despojos humanos (velhos num asilo) num canto e sorri. Sua mera presença me pareceu um estratagema de propaganda em favor do vazio moral do universo e da brutalidade mecânica com que este detruía as peças que já não lhe pareciam úteis.”
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... “A mãe natureza é uma grande puta, é a triste realidade.” P.209

“[...] Juanito só sabe soltar “peidos” e esses aí só sabem rir e aspirá-los. Com vê, a estrutura social aqui (no asilo) não é muito diferente da do mundo lá fora.” P. 210

Priorizado o sentir, secundarizado o racional, a obra de Zafón dá o alerta final para a perda maior do homem nos tempos da mídia de imagens na voz de Beatriz:

“[...] Bea diz que a arte de ler está morrendo muito aos poucos, que é um ritual intimo, que um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que esses bens estão cada dia mais escassos.” P 396

Gostaria de propor aos meus leitores (que não são muitos), uma brincadeira. Vamos colocar no espaço para comentários o título e o nome do autor do nosso primeiro livro, seguido de nossas impressões imediatas e das influências que exerceram em nossas vidas até agora. Para motivá-los darei o primeiro depoimento.

Minha primeira leitura foi aos nove anos. Na biblioteca da escola peguei um volume da Edição Maravilhosa – As Aventuras de Marco Pólo – Ano I no.12 da Coleção Clássicos Ilustrados, de Adolfo Aizen. Fiquei tão impressionada, que não falava em outra coisa. Meu pai, motivado pelo meu interesse, me presenteou com uma coleção de cem livros infantis – que possuo até os dias de hoje. A viagem que fiz junto com Marco Pólo despertou em mim a necessidade de repetir aquela emoção. Descobri, e mantenho até a idade outonal o prazer por essas aventuras fantásticas pelas páginas de um livro
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