sábado, 27 de dezembro de 2008
FELIZ ANO NOVO
Que 2009 seja o ANO DO ENCONTRO e dos REENCONTROS.
Que 2009 nos traga LIVROS inesquecíveis, LEITURAS transformadoras, que nosso AMOR pelos LIVROS seja irradiado a todos os HOMENS do PLANETA.
FELIZ 2009!
O QUARTO VERMELHO
sábado, 20 de dezembro de 2008
O GRITO DOS MUDOS - Henrique Schneider
Van Gogh
A narrativa de Schneider possui um ritmo que pode ser comparado ao de uma “opera do cotidiano”, ou a uma tela de Van Gogh, ou mesmo a um filme de Glauber Rocha, enfim, esta leitura me roubou o sono da última quinta-feira e transformou minha sexta num penoso dia de trabalho.
sábado, 13 de dezembro de 2008
O CASO VARGINHA
sábado, 29 de novembro de 2008
A Cura de Schopenhauer
sábado, 15 de novembro de 2008
FUGALAÇA - Mayra Dias Gomes
A AUTORA
sábado, 8 de novembro de 2008
O JOGO DO ANJO
domingo, 26 de outubro de 2008
A BÚSSULA DE OURO
Ernesto Guevara, também conhecido como CHE
Há mais de 40 anos de sua morte - e 80 anos de seu nascimento - seu compromisso com a história permanece um símbolo de rebelião, esperança e justiça. Ernesto Guevara, também conhecido como Che é uma biografia minuciosa e detalhada, que revela na sua plenitude um homem sempre pronto para a luta. Paco Ignácio Taibo II, a partir de um vasto material e recorrendo a textos do Che - fragmentos de cartas pessoais e públicas, diários, notas manuscritas, artigos, poemas, livros, discursos, conferências, declarações em atas, entrevistas, frases e testemunhos de companheiros -, faz do próprio Che o segundo narrador desta história
Sempre efetuo comentários sobre os livros que me agradam. Também sou conhecida como admiradora de Che Guevara. No entanto há um vasto material sobre esse personagem que motiva amor e ódio, por isso vou me abster de escrever sobre o biografado e aconselhar a leitura da obra que, até então, foi a mais séria e isenta que li sobre esse homem impar que marcou gerações.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
A SOMBRA DO VENTO
Ao fechar o livro e, ato contínuo, abraçá-lo junto ao peito, tem-se a certeza que se esta diante da própria história. Comprovada a inutilidade de todas as tentativas de tornar-se especial, está-se sempre repetindo existências antepassadas. A vida é um eterno repetir de histórias, a exemplo do apresentado no filme “Les um et les autres”, de Claude Lelouch, 1981.
A obra, além de metalingüística, pois enaltece e canta com primor a arte literária, tanto por parte do escritor como do leitor: “[...] Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.” P.9, é também, ao mesmo tempo, suspense e mistério.
O primeiro contato de Daniel, um dos inúmeros narradores, com um livro, efetua a mudança no menino de dez anos que permeará sua existência adulta.
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“... os livros são espelhos: neles só se vê o que possuímos dentro...” p.174
Carlos Ruiz Zafón
“ [...] Daniel ‘as pessoas são muito malvadas.’ ‘Malvadas não – observou Fermín – Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta de estábulo, convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulhoso de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade (...). O que faz falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes.’ P.129
“[...] Observei aquele grupo de despojos humanos (velhos num asilo) num canto e sorri. Sua mera presença me pareceu um estratagema de propaganda em favor do vazio moral do universo e da brutalidade mecânica com que este detruía as peças que já não lhe pareciam úteis.”
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... “A mãe natureza é uma grande puta, é a triste realidade.” P.209
“[...] Juanito só sabe soltar “peidos” e esses aí só sabem rir e aspirá-los. Com vê, a estrutura social aqui (no asilo) não é muito diferente da do mundo lá fora.” P. 210
Priorizado o sentir, secundarizado o racional, a obra de Zafón dá o alerta final para a perda maior do homem nos tempos da mídia de imagens na voz de Beatriz:
“[...] Bea diz que a arte de ler está morrendo muito aos poucos, que é um ritual intimo, que um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que esses bens estão cada dia mais escassos.” P 396
Gostaria de propor aos meus leitores (que não são muitos), uma brincadeira. Vamos colocar no espaço para comentários o título e o nome do autor do nosso primeiro livro, seguido de nossas impressões imediatas e das influências que exerceram em nossas vidas até agora. Para motivá-los darei o primeiro depoimento.
Minha primeira leitura foi aos nove anos. Na biblioteca da escola peguei um volume da Edição Maravilhosa – As Aventuras de Marco Pólo – Ano I no.12 da Coleção Clássicos Ilustrados, de Adolfo Aizen. Fiquei tão impressionada, que não falava em outra coisa. Meu pai, motivado pelo meu interesse, me presenteou com uma coleção de cem livros infantis – que possuo até os dias de hoje. A viagem que fiz junto com Marco Pólo despertou em mim a necessidade de repetir aquela emoção. Descobri, e mantenho até a idade outonal o prazer por essas aventuras fantásticas pelas páginas de um livro.
domingo, 28 de setembro de 2008
ORAÇÃO PARA QUEM ESTÁ ENVELHECENDO
psicografado por Raul Teixeira
Senhor, tu sabes que estou envelhecendo.
Ajuda-me a pensar que não sou uma peça imprestável, no movimento da vida.
Reconheço que não tenho mais as mesmas capacidades físicas, que me animaram a juventude, nem os mesmos reflexos e disposição.
Contudo, auxilia-me a não desanimar, e muito menos pedir, aposentadoria indevida das lides do mundo.
Não me deixes emurchecer, como flor queimada pelo sol.
Não permitas que eu tenha a idéia fixa de falar de mim o tempo todo. Impede-me de repetir detalhes infindáveis.
Dá-me rapidez para que eu seja objetivo.
Fecha a minha boca quando eu estiver propenso a falar de minhas dores e de meus sofrimentos. Eles estão aumentando com o passar dos anos, e meu desejo de falar deles aumenta a cada dia.
Ensina-me a dialogar, sem me fazer excessivamente falador, a fim de não causar indisposição nos demais.
Não me permitas conceber limitações desnecessárias.
Coloca as minhas mãos no trabalho a fim de que eu elabore ainda criações no campo da música, da pintura, da jardinagem, da cerâmica.
Ensina-me a melhor ocupação para o tempo que disponho. Um tempo que, desde os dias da juventude, reclamava não ter. Permita que eu me levante a cada dia disposto a aprender alguma coisa mais. Pode ser uma forma diferente de usar o pincel, uma breve poesia, um ensinamento, uma receita surpreendente.
Desejo ser jovial sem parecer tolo e imprudente.
Torna-me solícito mas não abelhudo. Prestativo, mas não dominador.
Desejo ser um avô que possa contribuir com a educação dos meus netos e não os deseducar, com a única finalidade de que apreciem sair comigo, nas tardes de primavera.
Ensina-me, ainda, a gloriosa lição de que, às vezes, posso estar errado.
Aprendi muito, guardo experiências preciosas, mas não tenho o direito de desprezar os avanços da modernidade e da ciência. Depois de ter adquirido uma enorme bagagem de sabedoria e experiência, parece uma pena eu não poder usá-la totalmente, sem criar embaraços aos demais.
Se a dependência física se tornar necessária, ajuda-me Deus, a ter paciência comigo mesmo, suportando o corpo que tanto me serviu até aqui. Com ele eu dancei, cantei, viajei, vivi doçuras, momentos bons e maus. Auxilia-me a continuar a amá-lo.
Tu sabes que precisarei não ser inconveniente, a fim de não incomodar tanto aos demais.
Por isso, te peço que me ensines a pensar duas vezes, antes de reclamar, insistir e exigir o que quer que seja, a quem tenha que cuidar de mim.
Não me permitas secar a fonte das lágrimas. Precisarei delas, com certeza, nas horas de tristeza, para desafogar o coração cansado. Entretanto, não me deixes tornar um ser melancólico e chorão.
Permite-me gozar do calor do sol e da bênção da chuva, com o mesmo entusiasmo de sempre.
E, finalmente, Senhor, o meu desejo final é ter sempre alguns amigos.
Esses seres abençoados que, no mar imenso da vida, qual jangada preciosa, remaram firmemente ao meu lado. Muitos deles poderão partir antes de mim, mas permite que alguns permaneçam a fim de que nunca desapareça de vista a expectativa das suas presenças.
Enfim, Senhor, torna-me um ancião nobre, que demonstre a sabedoria do envelhecimento digno.
A vida é constituída de muitas fases. Aprenda a viver cada uma delas, com todo o entusiasmo porque a infância, a adolescência, a juventude, a madureza e a velhice têm cada qual o seu encanto particular.
Não se permita viver sem descobri-lo para jamais se sentir infeliz por passar de uma fase para outra. O segredo da felicidade é viver cada dia em plenitude.
sábado, 13 de setembro de 2008
BREVES CONSIDERAÇÕES
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Filme / Drama
Nome Original: The Fever
Direção: Carlo Gabriel Nero
Elenco: Vanessa Redgrave, Michael Moore, Joely Richardson, Rade Sherbedgia, Geraldine James, Angelina Jolie, Cameron D'Angelo, Miriam Turner, Daria Knez
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2004
Duração: 83 min
Cor: Colorido
Classificação: Programa para jovens e adultos
Uma inglesa desperta, à meia-noite, num hotel de um país em guerra. Ela tem febre e começa a relembrar seu passado acomodado e as pessoas que mudaram sua visão de mundo. E descobre que de algum modo contribuiu com a violência gerada pela miséria.
Você construiu seu mundo protegido, provido de todos os confortos de uma existência digna. Você lutou muito, estudou, trabalhou, criou seus filhos (hoje sua maior realização, motivo de orgulho e auto-estima). Você merece vivenciar as coisas bonitas, limpeza, arte, a boa mesa e os bons vinhos. Champagne. Você gosta da sua vida, está protegido. É um espectador da realidade. Da janela de seu carro, ou de seu táxi, ou mesmo do ônibus, você vê a miséria. Os mendigos que dormem na rua enquanto você vai para o trabalho. Os pedintes, os corpos cobertos de lona negra aguardando o IML. As balas perdidas na favela, a fome. A violência que fervilha à sua porta, tão perto, distante do mundo que você construiu. Não. Você não é um alienado, você sabe de tudo o que está acontecendo à sua volta. Compadece-se, mas nada pode fazer, a vida é assim; para alguns é mais fácil e para muitos, impossível. Você sozinho não pode fazer nada. É um problema de políticas públicas.
Mas suponhamos que num dado momento você acesse a realidade, não como espectador, não no conforto do seu quarto, da sua casa, do seu carro, do seu trabalho. Mas “in loco”. Você decide viver uma semana na favela, junto ao povo, sentindo o seu cheiro, sua fome, ouvindo sua linguagem, presenciando a tortura, a morte. Vamos supor que isso seja possível – que você queira essa experiência – já imaginou quais seriam as conseqüências? Você poderia retornar à sua vida estruturada e segura? Como seria para sua alma?
O filme “The Fever” aborda justamente esta questão.
É um filme denso, uma “pancada” na boca do estômago.
Não é uma abordagem a partir das injustiças sociais, pelo contrário, a abordagem é a partir de uma mulher madura, realizada, burguesa nos gostos e na existência. No entanto é uma mulher inteligente e sensível – apesar de toda a proteção que sempre teve da família, dos amigos e dos vizinhos (segundo ela mesma acredita).
Mas na próxima esquina, no momento de ir ao supermercado para abastecer a casa. Na hora de escolher a roupa que se usará para aquele encontro. No crepúsculo do dia, quando a cama é o destino. Tudo se perde, o sentido de sobrevivência é muito forte, precisamos viver, precisamos conviver, de preferência sem a dor.
E, com o cessar da febre, você retorna à segurança de seu mundo. Não é seu o problema. Mas tudo será da mesma forma? Você está limpo? Até que ponto foi contaminado pela convivência com a miséria?
Após assistir às belíssimas imagens, vivenciar a metáfora da descoberta (seu corpo ensangüentado, torturado e preso), quando surge na tela aquelas letrinhas pequenas que nos deixam perdidos, sem saber o que fazer nos próximos segundos, fica a questão, a pergunta milenar, a dúvida, o medo, a insegurança. O que fazer?
domingo, 24 de agosto de 2008
O RISCO DO BORDADO
O autor deixa a cada “causo” contado um gostinho de quero mais, generoso dá ao leitor o direito de co-autor na sua criação.
Dourado descreve a natureza humana; com suas misérias, patologias, medos, sua coragem, perversões, amores, pelos olhos inocentes de um menino que com sua viagem para a cidade grande, com o fim de completar os estudos, se afasta de suas raízes, mas sem romper o elo com aquelas histórias, com aqueles personagens que povoaram seus sonhos de menino. Já adulto retoma contato através de personagens ainda vivos. É quando Autran permite ao leitor um retorno gradativo, mas eficiente, à realidade não menos poética da existência adulta de João.
Gosto de selecionar um trecho das obras que leio como síntese da narrativa. O Risco do Bordado poetiza sobre o tempo, sobre o amadurecer, sobre juventude e velhice, sobre perdas, enfim, sobre a vida. Ei-lo:
“[...] As coisas mudavam e o tempo passava não só dentro dele e nos olhos dos outros. Havia várias qualidades de tempo: o tempo presente – o tempo dos outros, que depois ele incorporaria à massa geral informe do tempo e seria transformado no seu próprio tempo quando depois ele procurasse lembrar; o tempo passado – o seu próprio tempo, que vivia uma existência paralela à sua, que ele não podia controlar; o tempo das montanhas e das coisas inanimadas (para nós), móveis e fluidas diante da eternidade, o sem-tempo de Deus. [...]”
MINAS by Miari
Quem teve a oportunidade de conhecer as cores vibrantes, o aroma delicado, a brisa estonteante das Minas Gerais do Sul, se afastado sentirá saudades, se presente sentirá orgulho das histórias narradas por Autran Dourado em “O risco do Bordado”.
As fotos aqui apresentadas podem ser apreciadas na página de um talentoso mineiro de Três Pontas, Alessandro Miari. http://www.flickr.com/photos/alessandromiari/
sábado, 26 de julho de 2008
AS BRASAS - Sàndor Màrai
domingo, 20 de julho de 2008
A 25a.HORA
Tive uma infância solitária.
Os motivos não os conheço, mas desde a Escola Primária meus companheiros de aula me rejeitavam, não escondiam o desprezo que sentiam. Talvez seja meu sentimento internalizado de rejeição, ou minha arrogância em permanecer humana. Creio que já me acostumei, mas a sensação de inadaptabilidade permanece em mim. Não importa, já não necessito da aprovação social.
Desde então tenho sempre ao meu lado um verdadeiro amigo. O amor intenso e cheio de gratidão que sinto é retribuído por uma fonte inesgotável de prazer. À minha solitária existência é oferecida a beleza das cores, a alegria do pulsar ritmado da paixão. Passados os anos ainda o tenho ao meu lado; disponível, aberto, cheio de aventuras e, sobretudo, de ensinamentos que me alimentam e amadurecem o espírito.
Cada livro que leio me transforma um pouco. Alguns são inócuos, mas não de todo porque me divertem, outros são agradáveis, fornecem combustível para continuar vivendo, outros, ainda, transformam, levam-me às reflexões profundas donde emirjo amadurecida, endurecida, pronta para novas chibatadas. Consciente da minha solidão, mas sem viver na solidão. Os livros não me permitem ficar só. “[...] – Eu sou escritor – disse Traian – Para mim, um escritor é um domador. Quando se mostra aos seres humanos o Belo, isto é, a Verdade, eles amansam. [...]” (p. 260) “[...] – Eu sou poeta, George – disse Traian – Possuo um sentido que os outros não têm e que me permite entrever o futuro. O poeta é um profeta. [...] Tenho que gritar aos quatro ventos, mesmo que o grito não agrade.[...]”
Assim, os escritores vão construindo minha existência, forjando o metal disforme da sensibilidade no mais puro ouro jamais visto – pois que oculto – pelo homem. Isso é alquimia. São, portanto, alquimistas, os escritores.
Há anos passados, na minha juventude, li a obra de VIRGIL GHEORGIU “A 25º. Hora”. Gostei tanto que por algum tempo serviu-me de parâmetro para a leitura do Mundo. No entusiasmo e deslumbramento de minha juventude não pude ir além das mensagens mais evidentes, que se transformaram em slogan para a minha geração.
Hoje terminei a nova leitura do livro de Virgil. Fui tomada de incrível surpresa. Não só por sua atualidade aos tempos hoje vividos (a trama se dá nos primeiros anos do surgimento da Civilização Técnica Ocidental – nos anos 40 do século XX), onde: “[...] O homem por reduzido a uma única das suas dimensões: a dimensão social. Foi transformado em Cidadão, que já não é sinônimo da dimensão de homem. [...]” (p.382)
O sentir perdeu espaço para a estatística. A racionalidade é hoje, formada pela máquina da mídia (4º. Poder) que leva o homem a pensar em bloco, como parte de uma categoria. Essas categorias são identificadas pelo Ibope na programação das televisões. É desintegração do homem individual, que fica à margem percentual dos que “não sabem” ou “não querem opinar”, “[...] e tornar-se-á o riso de toda a gente se quiser levar uma existência individual.[...]” (p.48) Um Ser anti-social , maior pecado para um cidadão do século XXI. “[...] Essa sociedade só conhece algumas dimensões do indivíduo. O homem integral individualmente tomado já não existe para eles.[...]” (p.243)
Certa vez um amigo querido afirmou que sou apaixonada demais, tudo que vivo é intenso, mergulho com paixão nas coisas e por esse motivo não consigo manter o foco, realizar algo importante na Civilização Técnica Ocidental. É verdade, fiquei “em cima do muro”, sobrevivendo da máquina social e me alimentando da existência espiritual. Não me arrependo, pelo menos sobrevivi com o espírito livre.
Vou terminar (pois se continuar jamais poderei encerrar) com o texto em que Nora West, judia romena, rejeita o pedido de casamento do Tenente Lewis, responsável pelo Campo de Concentração Americano na Alemanha pós Hitler. Faço de suas palavras (na íntegra) as minhas, para o Mundo e para aqueles que amo da forma descrita por Nora:
“[...] – Ouça, Sr. Lewis! – disse Nora. – Depois de ter ouvido as declarações de amor de Petrarca, Goethe, Lord Byron, Púchkin; depois de ter ouvido Traian Koruga (seu marido morto no campo de concentração americano) falar-me de amor; depois de ter ouvido as canções dos trovadores e de os ter visto de joelhos diante de mim, como de uma rainha; depois de ter visto matarem-se por minha causa reis e cavaleiros; depois de ter falado de amor com Valéry, Rilke, D’Annunzio, Eliot; como poderia eu tomar a sério essa proposta de casamento que o senhor me atira à cara ao mesmo tempo que o fumo do seu cigarro? [...]”
“[...] – O amor é uma paixão, Sr. Lewis – disse ela – já deve ter ouvido dizer isso, ou, pelo menos, leu-o em qualquer parte. [...] O amor, a suprema paixão, só pode existir numa sociedade que ache que cada ser humano é insubstituível e único. A sociedade a que senhor pertence crê, pelo contrário, que cada homem é perfeitamente substituível.
VIRGIL GHEORGIU nasceu em 1916 na Roménia e faleceu em 1992 em Paris. Estudou em colégios militares romenos, depois na Faculdade de Letras de Bucareste, depois Teologia, na Alemanha. Após a ocupação da Roménia pela União Soviética, em 1944, instalou-se em França onde foi ordenado padre da Igreja Ortodoxa em 1963 e posteriormente patriarca em 1971. Escreveu mais de quarenta livros, entre romances e ensaios.
domingo, 13 de julho de 2008
NÃO ESTOU LÁ
Assim como no excelente Velvet Goldmine (1998), o diretor Todd Haynes inspira em acontecimentos de uma lendária figura da música para traçar um filme totalmente único. Se no filme de 1998, as inspirações foram David Bowie e Iggy Pop, em Não Estou Lá, o cantor folk norte-americano Bob Dylan e suas experiências servem base para a criação de um roteiro.
sábado, 12 de julho de 2008
SANGUE DE AMOR CORRESPONDIDO
PROSE, FRANCINE
JORGE ZAHAR
A autora indica como técnica fundamental a leitura atenta (close reading), pausada, meticulosa do texto para descobrir a real e mais íntima intenção do escritor. Somente desta maneira os detalhes mais preciosos serão notados pelo leitor. Para Prose isso talvez seja corriqueiro, pois como professora de oficinas de escrita e de pós-graduação em MFA (Master of Fine Art's) ela ganha para ensinar utilizando-se destas análises detalhadas.
O livro tem o tom de uma apostila ou manual de oficina literária com muitos trechos de literatura esmiuçados. A autora admite ter escrito o livro para ser usado para tal fim e procura analisar vários aspectos da criação literária, desde a menor estrutura do texto, "Palavras" (capítulo 3), passando por "Frases" (capítulo 4), "Parágrafos" (capítulo 5) até chegar nos estilos de escrita. "Narração", "Personagem", "Diálogo", "Detalhes" e "Gesto" (capítulos 6 ao 9) complementam seus ensinamentos sobre como construir uma história.
Mostra como a maioria das regras ensinadas em oficinas literárias foram quebradas com sucesso pelos grandes escritores. Isso demonstra que escrever é uma experiência pessoal, assim como ler.
O livro não conta nenhum segredo inédito. Tudo o que diz nós já sabemos e a maioria dos livros citados estão disponíveis para leitura em livrarias, sebos ou bibliotecas. Porém o modo simples e claro de analisar o texto revela detalhes que poderíamos ter deixado passar. De brinde traz informações curiosas sobre a vida de escritores famosos como aperitivos aos seus fãs. De que outro modo descobriríamos que Kafka, mestre em iniciar histórias com frases enxutas e marcantes, aprendeu e incorporou esse dom lendo Heirich von Kleist? E que Kleist suicidou-se com a esposa aos 34 anos de idade enquanto faziam um pequenique?A tradução e a qualidade do livro para o português estão em um bom nível, pecando apenas num "quem teria podido pedir" (pg. 15) e num "cismou que ia me sivilizar" (pg. 110) e em um erro de referência (pg. 211) em que o trecho kafkaniano analisado pertence ao livro O Veredito e não ao livro O Processo conforme mencionado. A introdução e acréscimos de Italo Moriconi são pertinentes para "encaixar" o livro americano no rol brasileiro. No final do livro há uma lista de leituras imediatas indicadas pela autora, mas não aparece nenhuma obra em português. Moriconi corrige esta injustiça com uma outra lista somente de livros brasileiros. Assim como todo copo de cerveja puxa outro, a leitura de um livro sempre dá vontade de ler outros e Para ler como um escritor não foge à regra, deixa o leitor louco para conhecer mais sobre Kleist, Tchekhov (que tem o capítulo 10 todo dedicado a ele), Jane Austen, Gogol e Tolstoi.Francine Prose é romancista, crítica, ensaísta e professora de literatura e criação literária há mais de 20 anos em universidades como Harvard, Columbia e Iwoa. Escreveu vários livros, alguns já publicados no Brasil: A vida das musas: Nove mulheres e os artistas que elas inspiraram (2004, Nova Fronteira) e Gula (2004, ARX).
Texto retirado do site: http://www.jefferson.blog.br/2008/05/para-ler-como-um-escritor-de-francine.html
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Juanna e Rodolfo
Amo os meus cães.
Rodolfinho e Juanna.
Juanna, em homenagem à Clarisse Lispector em "Perto do Coração Selvagem".
Rodolfinho, meu querido menino, me escolheu quando passei, num dia frio em Varginha, pelo lugar em que estava preso. Só, com frio e doente. Levei-o para a casa e hoje está sempre ao meu lado, cuidando dos meus dias. Foi o seu olhar triste que me conquistou num frio dia nas montanhas das Minas Gerais.
domingo, 29 de junho de 2008
The Bothersome Man (2006)
Ao experenciar o seu desgosto amoroso em relação a Ingeborg, porém, o filme toma um rumo diferente, fazendo o paralelo entre o que Andreas vive e o que pensa/sente. A falta de personalidade e frivolidade daquela são a gota de água para arrasar a sua compostura e o seu mundo certinho é invadido pelo caos da sua mente. Imagens da realidade e imagens do que lhe vai na alma passam a ocorrer numa linha contínua, nunca se revelando onde acabam umas e começam as outras, a metáfora fundindo-se com os acontecimentos do quotidiano.
Depois de simbolicamente atropelado (várias e prolongadas vezes, até nos dar volta ao estômago) por um comboio, Andreas volta para a namorada, (metaforicamente) ensanguentado e despedaçado, e é, mesmo assim, ignorado por ela, apenas preocupada em cumprir os seus compromissos sociais. Do nada, transforma-se numa espécie de Winston Smith do “1984” de George Orwell, buscando obsessivamente o antigo “sabor” das coisas, perdido e rejeitado por um mundo desumano de produção em massa. Aqui temos toques de “Delicatessen” de Jeunet & Caro, onde na aparente pacatez se esconde a morbidez e a bizarria. Andreas segue, então, um misterioso homem que conheceu num bar, Hugo (Per Schaaning) quando este se queixava da falta de sabor do cacau. Juntos lançam-se em busca da origem de uma música que se houve da cave de Hugo, deitando abaixo a parede até encontrarem outra divisão. Conseguem alcançá-la através de uma fenda, um quarto onírico com vista para o mar e bolos acabados de fazer, talvez uma espécie de paraíso, uma espécie de renascimento. Entretanto juntam-se-lhes uma série de idosos do bairro, também eles aparentemente em busca de sensações esquecidas. Mas o barulho, porém, alerta a vizinhança que chama as autoridades e quando Andreas está mesmo a alcançar o manjar dos deuses é arrebatado de volta para a realidade e expulso por pessoas que, apesar de claramente o desprezarem, se lhe dirigem com o tal sorriso plástico, bem como o chefe quando lhe diz que ele foi substituído. Banido de uma comunidade simplesmente por não se conformar com o que lhe é oferecido, garantido.
No fundo, trata-se de uma crítica bem forte e escarnecedora de uma sociedade que, não obstante desenvolvida e superior, se tornou de tal forma automática e impessoal que rejeita todos aqueles que não se contentam apenas com a boa qualidade de vida, que esperam sentir algo mais, viver algo mais. Para o bem comum, ninguém é já insubstituível, ninguém pode fazer a diferença, espera-se apenas que as pessoas se cinjam às regras estabelecidas sem outros desejos nem anseios que deveriam ser tão inerentes à condição humana. Se não se cingirem, apenas se descartam porque ninguém é único. A questão da população envelhecida também se coloca. Uma sociedade desenvolvida implica uma esperança de vida acrescida, mas se só se visa a utilidade das pessoas, os idosos são totalmente negligenciados e arrumados porque já não podem ser produtivos a essa sociedade que dispõe de condições para que se viva até essa altura. A aparente incapacidade de ligações afectivas é assustadora.
No entanto, a escolha de veicular esta mensagem de uma maneira tão metafórica e simbólica, que acaba por ser ela própria tão fria, falha em criar empatia com o espectador. O realizador opta por planos estáticos e estáveis, a câmara passiva e fria, talvez porque as imagens e os acontecimentos por si só bastem para chocar qualquer um. Se a primeira parte nos submerge em letargia, a segunda revela-se excessiva e sem nexo, como uma medida desesperada para nos abanar do torpor. Não temos nem a melancolia agri-doce dos irmãos Polish nem a genial esquizofrenia de Jeunet & Caro, temos um filme desequilibrado em que, se não nos conseguirmos reconhecer em Andreas, tudo nos parece absurdo. A crítica social enquanto obra cinematográfica tem limites.
Texto retirado do link:
http://www.fanaticine.net/ineditos_thebothersomeman.htm
domingo, 22 de junho de 2008
Minha Melhor FOTO
domingo, 15 de junho de 2008
PIAF - UM HINO AO AMOR
Edith Piaf
Composição: Michel Vaucaire / Charles Dumont
Non!
Rien de rien...
Non !
Je ne regrette rien
Ni le bien
Qu’on m’a fait,
Ni le mal,
Tout ça m’est bien égal !
Non!
Rien de rien...
Non !
C’est payé,
Balayé,
Oublié,
Je me fous du passé !
Avec me souvenirs
J’ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n’ai plus besoin d’eux !
Balayé les amours,
Avec leurs trémolos,
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...Non!
Rien de rien...
Non !
Je ne regrette rien
Ni le bien
Qu’on m’a fait,
Ni le mal,
Tout ça m’est bien égal !
Non!
Rien de rien...
Non !
Car ma vie,
Car mes joies,
Aujourd’hui,
Ça commence avec toi !
Esta é a Edith Piaf verdadeira, a extraordinária cantora francesa.
http://www.orkut.com.br/FavoriteVideoView.aspx?uid=5700416025827632035&ad=1213541774
Edith Piaf - Non, Je ne regrette rien ( Highest Quality ) Edith Piaf - Non, Je ne regrette rien ( Highest Quality )a truly brilliant song Adicionado: 18:56(41 minutos atrás) Duração: 02:22 Ver esse vídeo no YouTube